Palavras que crescem

No inicio Dona Maria já me avisava sobre essa gente de palavras compridas. O vocabulário reflete seu povo e quanto maior o ego, maior são as palavras. As pessoas usam palavras maiores para, assim, parecerem maiores. E aonde isso nos leva?

O professor de português nos conta que a derrogação, o aniquilamento, a erradicação da parcimônia, da inópia, da indigência ocorrerá com a defenestração das palavras de difícil vocábulo. A imprescindibilidade desta conjuntura se provará quanto todos estiverem a mingua devido ao uso demasiado de palavras hidrógrafas. Afinal, isso torna o discurso abstruso.

O juiz nos conta: Em alusão a elisão insinuada pelo professor eu assevero que a linguagem deve ser fruída em sua tonelagem. Desse modo, auferido é o direito. Digo-lhes isso com minha idoneidade e amplitude de sapiência.

E em meio a essa bagunça gerada pelos intelectuais onde ficam os mortais dotados de vocabulário comum? São deixados para trás. Mas era realmente preciso usar todas essas palavras? Claro que em alguns momentos é preciso usar essas palavras e expandir o vocabulário é um hábito excelente.

Entretanto, é necessário saber medir. Palavras não são feitas para a decoração de texto. Um texto é belo por seu conjunto, não pela individualidade das palavras contidas nele. Pode-se encontrar mais sabedoria em uma conversa com Dona Maria, dotada de poucas palavras, do que se encontraria em um livro de Machado de Assis.

J Klaic
Enviado por J Klaic em 09/12/2015
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