Do que penso nem tudo serve de fato!

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Usar uma roupa de uma cor que não nos cai muito bem, uma mudança na cor do cabelo, (mulheres e homens), puxar assunto com uma pessoa que aparentemente não seja de muitas palavras, falar sobre religião com pessoas que professam uma fé totalmente contrária a nossa, ouvir músicas às quais jamais dormiríamos com elas no nosso fone de ouvido. Olhar para as diferenças, manias, tornar amigável convivências, que por pura resistência pessoal julgamos impossíveis de acontecerem. Estas coisas são barreiras com as quais precisamos ir de encontro com nosso eu sempre na vida. Somos seres acostumados com tudo no lugar certo: costumes, manias, ambientes, "coisas" ditas como politicamente corretas. A barreira da aceitação do outro face ao que vivemos é um caminho muito difícil de ser trilhado. Somos julgadores por natureza, afinal, isto está na enraizado em nós, na nossa cultura. Já me perguntaram: em que mundo você vive? Pergunta feita tudo por conta da forma que conduzo as coisas que sinto, de modo silencioso e principalmente, pergunta direta em referência à poesia. Oras! Que culpa tenho eu se gosto de criar o meu mundo, de sentir deliberadamente as coisas, de acreditar no amor sendo explicado como na pessoa de Deus, de em inúmeras vezes sair de cena por conta do meu orgulho pessoal? Que culpa tenho se nasci voltado à proteção pessoal, de procurar lutar com todas as forças nas quais acredito e que sejam o melhor para mim? No fundo, bem no íntimo, todas as pessoas querem fazer parte da totalidade humana, mas seria impossível. O que escolho tem a ver com realização e o que vejo pretensiosamente de diferente no outro, tem a ver com meu orgulho pessoal. Já tentaram me ensinar a amar, acreditem! Costumo sempre dizer que ser humano nenhum muda outro ser humano, tudo porque fazemos escolhas e as raízes destas escolhas ficam latentes na vida de cada ser. Quem nasceu "dado" será dado enquanto julgar necessário, quem nasceu introvertido será introvertido até o momento que julgar que tem que ser. Existem tímidos ousados e ousados fatalmente tímidos. Aí pergunto: qual o problema? Nenhum! O que realmente configura satisfação pessoal é a seguinte questão: se sou feliz de tal forma e não coloco em cheque o meu próximo, qual a graça em tentar mudar a essência de alguém? Digo mais, qual o meu direito em fazer isto? Eu escolho ser eu, com minhas manias mais bobas, com meus pensamentos mais sem fundamentos, com minhas brigas internas mais desvantajosas para mim mesmo. Eu não me sentiria bem por exemplo de usar um cabelo de tom ruivo, mas quem disse que se eu quiser eu não posso? Posso. As escolhas são muitos pessoais na vida de todos nós e não posso querer traçar caminhos para quem já está no seu caminho pessoal se realizando. O mundo nos dá esse ensinamento, de aprendermos com nossos erros e seguirmos em frente, melhorando sempre. Somos adjetivados de loucos, idiotas, presunçosos, detalhistas, pessimistas e por aí vai. Porém existe um detalhe em tudo isto. Eu sei onde que meu calo aperta, por isso não posso me deixar influenciar por mudanças impostas pelo simples fato de que o olhar do outro seja diferente sobre a forma que vivo. Não! Quem sabe usar da sabedoria muda com exemplos e atitudes. A palavra em si, dita por dita, não muda ninguém, nem o mais sábio dos ouvintes. Por isto, amo quem me acrescenta posturas, coerência, equilíbrio de comportamentos. Considero fantástico quem se desequilibra as vezes, afinal, quem nunca? Mudanças são extremamente necessárias, desde que seja por minha conta própria e risco, onde preciso assumir todas as consequências. No mais, vamos usar relógios no braço não habitual, mudar a cor do cabelo, beijar quem julgarmos que mereça nosso beijo, falar da forma que quisermos. Vamos? O tempo ruge e precisamos ser felizes por nossas escolhas e autenticidade. E quanto aos apontadores, eles têm todo e qualquer direito de sê-los. Faço como quero, logo, preciso assumir a consequência do olhar torto do outro. Sair do casulo é tarefa árdua, dolorida e complicada. No fundo todo ser humano deseja sair do casulo, mudar, melhorar. Agora uma realidade: tenta desvencilhar uma pessoa do casulo usando uma tesoura por exemplo, ela jamais irá voar devido ao inchaço no corpo. O casulo é o mundo e eu sou o responsável por mim mesmo em saber o meu lugar exato no mundo. Eu escolho ser assim porque penso que seja o melhor para mim. Odeio jiló e não uso relógios, sou fascinado pela solidão e não me considero triste. O meu mundo chama-se temporário. Em questão de segundos tudo se acaba e pronto, não terei mais quem me condene! Quero mais é inventar uma saudade, uma comida, um amor. Quero mais é ser feliz e isto tem me custado caro, uma vez que apenas estou feliz. Intenso refletir nessas coisas, porém, amo tudo que é intenso, mesmo que eu me despedaça no final das contas. Posso? Claro que posso, mas um detalhe: me convém?

Daniel Cezário
Enviado por Daniel Cezário em 02/12/2015
Reeditado em 23/11/2016
Código do texto: T5467805
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