O que nos faz melhor: o “não” incisivo ou o “sim” suave?

Desde a mais tenra idade vivenciamos o aprendizado de conhecer o universo através do outro. O recém-nascido com poucos dias ao perceber a luz e o seu semelhante, inconscientemente já se encanta com a perfeição da vida. O quão é maravilhoso o descobrimento de si mesmo, descobrir a batida do próprio coração. E, com esse espírito, ao se voltar para o mundo descobrir o ser humano em afinidade!

Então, se pode depreender que o homem é um ser de vivacidade, um ser iluminado. Com o passar dos ciclos temporais, infere-se também que ninguém é tão igual assim! Que cada um tem uma personalidade, uma individualidade. Que inclusive os gêmeos univitelinos tem um querer e um pensar diferentes. Nesse processo o sentir, o meditar, o fazer e estar tem tempos distintos em cada um. Além disso, é percebido que tais diferenças não nos afastam, mas nos enriquecem, nos tornam únicos, singulares. Um ângulo de visão pode até ser diverso e, ainda assim, os objetivos serem mútuos e se convergirem em prol de um mesmo fim. É claramente visto que para alcançar um bem compartilhado e em harmonia é preciso se aprofundar em busca de um denominador comum para ambos.

Nesse particular o que é bom pode até ser realmente íntegro, contudo pode ser que tal sentimento dependa de como é expresso ou absorvido para uma interpretação positiva e coerente. Como trata a Bíblia Sagrada em Eclesiastes 3:1-8, para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus. O tempo de cada um é soberano! Sob tal enfoque o degustar e o digerir pode diferir, entretanto, o resultado, assim preterido, de forma gradativa, moldada e orientada terá grandes possibilidades de ser frutífero.

Em outras palavras o que se acalenta pode igualmente afugentar, pode até causar pânico e insegurança. Aquilo que busca motivar, pode em outro meio refletir estranho. Como um contexto pode ser tão precioso e simultaneamente não expressar vultoso valor a alguém? O que importa é a forma, o tom, a consonância ou a distorção? O que nos faz melhor: o “não” incisivo ou o “sim” suave? É inegável que coexistimos em um mundo de culturas não raras vezes divergentes.

Com efeito o que nos encouraça perante as barreiras naturais da luta pela sobrevivência? Quando estamos sozinhos, também é possível que nos encontremos vazios, solitários não só externamente, mas intrinsecamente, como se uma segunda metade fosse, ainda que distante, de extrema relevância para estarmos mais confiáveis e seguros com o próprio interior. Nesse sentido nos coloquemos um no lugar do outro, tentemos experimentar o que o outro sente! É possível que absorvamos mais do que uma míope visão. Todos temos uma história e também pormenores que não compreendemos até podermos interagir de forma mais precisa e íntima. O nosso encontro em diálogo poderá ser triunfal se soubermos tatear em detalhes cada expressão, cada gesto, cada palavra recíproca para, desse modo, nos sentirmos inteiros, completos!

Bem! Pensemos e tenhamos em mente que é grave buscar a firmeza, mas também é bastante salutar a busca da cortesia e a transparência em tudo que se faz ou se produz . Não queiramos ensinar ninguém a viver, não queiramos nos projetar no outro para que ele nos seja igual em pensamentos, palavras e ações. Queiramos buscar a soma, a potencialização e a expressão em um discernimento, mesmo que composto por idiossincrasias. Com esse fim possamos contribuir com leveza e com naturalidade com o enfermo, com o mendigo, com o faminto, com o são, com o amigo, com o cônjuge ou com o familiar.

Cabe traçarmos um paralelo e nos remeter ao sentido da convivência. Podemos viver e conviver sozinhos? A convivência pode nos reportar ao refazimento de nós mesmos, para uma nova reflexão e amadurecimento. Saibamos aceitar o outro como ele é, com belezas e imperfeições, com sorrisos e lágrimas. Não foi por mero acaso que Maratma Ghandi certa vez disse que temos de nos tornar a mudança que queremos ver no mundo. Temos que ser o espelho da mudança que se está propondo.

A verdadeira resiliência e resignação poderá ser conquistada com uma consistente determinação e enérgica vontade de ser e transcender aos apuros para retornar ao estado natural, mesmo após uma situação crítica. A perfeita solidão não nos parece maior que a imperfeita companhia de um alguém estimado. É relevante destacar que muito somente terá valor na presença daquela que é a metade desejada para uma conversão do que era cinza em algo multicolor. É oportuno lembrar que para isso há que se ter uma mudança de postura e de atitude. Não obstante proferiu Albert Einstein que insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.

Em contrapartida quando não nos descobrirmos no parceiro, que sejamos mais complacentes, mais pacientes, que busquemos mais envolvimento, para que logo nos tornemos mais o que queremos e buscamos ser. E ainda, assim, poderemos nos indagar: quem somos, sem nós mesmos, quem sou eu sem você?

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 24/11/2015
Código do texto: T5459647
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