CRÔNICAS CASEIRAS

Fui à feira hoje. Antes, circulei por várias ruas, até achar o novo local onde foi instalada. Enquanto procurava por ela (a feira), cruzei com outras dezenas de pessoas que faziam a mesma coisa. Ficamos ridiculamente nos encontrando pelas esquinas.

Enfim, cheguei. Prendi minha "bike" e fui procurar os fornecedores meus preferidos. Não achei nenhum no momento. Numa banca mais à mão, enquanto escolhia algumas laranjas, ouvi o rapaz que estava ao meu lado, já com um saquinho com as compras na mão, perguntar ao vendedor o preço dos limões. " Seis reais a dúzia", respondeu o vendedor. O rapaz pegou três limões e disse ao vendedor que cobrasse também os três limões.

Com uma nota de dez reais entre os dedos, o vendedor, um cara saradão, cabeça rapada e tatuagens lindamente elaboradas sobre os músculos, deixou balançar na cara bronzeada os olhos esverdeados e vazios, como que perdidos. Sobre sua cabeça dava para ver distintamente um ponto enorme de interrogação.

Um breve e profundo silencio perpassou a súbita imobilidade dos dois. De repente, o vendedor saradão passou na testa o dorso da mão que segurava o dinheiro e falou:

- Hi, rapaz! Agora me pegou...

O rapaz desviou os olhos, estendeu a mão e pegou mais alguns limões:

- Tudo bem, vou levar mais três.

Uma brisa refrescante de alívio passou pelo rosto do saradão, que disse todo alegrinho enquanto seguia para o caixa:

- Valeu! Meia dúzia. São três reais!

Desejaram um bom dia cada um, o rapaz seguiu em frente e o saradão, que não sabia quanto era metade de três, foi atender uma peituda de óculos escuros.

suzete piovesan
Enviado por suzete piovesan em 14/11/2015
Reeditado em 15/02/2016
Código do texto: T5448722
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