Inerte

Inércia é um substantivo feminino com vários significados. Primeiramente —o mais conhecido — vem a explicação da física, que basicamente chama de inércia a resistência que algum corpo tem em relação à aceleração, ou seja, caso não haja uma força, o corpo não se moverá. Permanecerá ali, inerte.

Logo depois, temos a explicação química, que nos diz respeito a uma propriedade de alguma substância que faz com que ela não reaja em contato com a outra. Ela simplesmente não está nem aí pra outra substância.

Uma terceira explicação da inércia é a semântica, que nos mostra falta de reação, estagnação, imobilismo. Estar inerte é estar alheio também. Estar inerte é estagnar, não sair mais de lá. Outros dois significados que podemos ver também é um estado físico e sentimental, um estado de abatimento que se deve à falta de reação, de energia física ou moral, digamos que um tipo de apatia; o último é a incapacidade — ser inerte é ser incapaz, inapto.

Essa explicação toda veio a partir do que um dia você me disse. Você seria inerte. Mas inerte em que sentido? Inerte onde? Em que área? Da física não pode ser... porque sempre estarei aqui, sendo algum tipo de força. Sempre estarei movendo alguma coisa aí, porque, queria ou não, você faz isso comigo também.

Isso se aplica à química que, absolutamente, faz-me lembrar de que nossos compostos são ótimos juntos, uma combinação perfeita. Aquela frase “teve química” nunca fez tanto sentido.

As outras três explicações fizeram com que eu refletisse mais ainda. Estagnar, parar o tempo, ficar alheio; estar abatido, pela falta de (re)ação; ser incapaz de algo. Meu bem... todos somos e estamos nessas três últimas explicações. Estamos ali, estagnados, abatidos, incapazes de alguma ação. Inertes.

Tanto eu quanto você, a inércia é o que nos resta para tornar mais suportável. A inércia nos coloca num lugar sem saudades, sem culpa, sem (res)sentimentos. Ficaremos então... Inertes.