Confissões de um adolescente - Parte 01

Sei, que poucos lerão, mas ainda assim, resolvi postar...

Bem, sempre escrevi e comecei escrevendo como um diário...Na verdade, nunca havia relido o que escrevi, como comumente, não releio até hoje o que escrevo. Escrevo como uma catarse..

um impulso de algo que não consigo conter dentro de mim. Menos ainda, pensei em compartilhar esses pensamentos tão pessoais.. mas mais de 10 anos se passaram e de fato, muitas coisas mudaram, outras nem tanto... Mas o medo que tinha antes de me expor, já não tenho mais. Muito menos do que pensarão sobre mim...Aliás se antes chorei, hoje tenho uma tendencia e facilidade de rir de mim mesmo. Já não me levo tão a sério...

Mas quem sabe não possa ser útil para alguém? Afinal, um dia, para mim, foi bastante!

Desculpem quaisquer excessos de uma mente "juvenil" e obrigado pelo tempo dedicado a este pequeno "capítulo" da minha vida..

------------------------------------------------------------------------------

Confissões de um adolescente - Parte 01

Acho que no fundo, sempre soube que eu seria sozinho. E ser assolado por esta crise existencial dos 18 anos, parece prenunciar esse sentimento.A minha timidez sempre me isolou muito do mundo e embora, comumente, me esforce para vencê-la, na maior parte das vezes não consiga. Os jovens saem, bebem, dançam e se "pegam" e eu na contramão do mundo, mergulhando na arte, lendo e caminhando... caminhando muito até que o cansaço me traga de volta.

Não é fácil, conversar o tempo todo consigo mesmo. Assim como podemos ser nosso melhor amigo, eventualmente, nos deparamos com o pior inimigo. Um inimigo que conhece todas as nossas peculiaridades, fragilidades e intimidades.

Mas o mesmo fogo que queima, ele também forja. E assim, sem que percebesse, fui sendo burilado, forjado...e me transformando

em alguém diferente ou alguém que ainda precisaria de um tempo para conhecer.

Muitas vezes, me esforcei para participar... ir a boates e bares como qualquer outro jovem... Mas me sinto sempre deslocado e o tempo parece um tanto lento. Talvez porque em dado momento, o álcool leve o grupo para um outro nível que no "guaraná" nunca alcancei.

E esse platonismo e emoções intensas que fervilham em mim? Quantas vezes chorei? Já perdi as contas.. Um misto de êxtase e dor. Paraíso e inferno...Foi assim que comecei a criar histórias...sendo personagem "passivo" da minha própria imaginação. Sonhando com casamentos, beijos e abraços, que efetivamente, nunca aconteceram. Mas eram quase como um ópio e como toda droga, as vezes, me tiravam o senso de realidade... o que me levou a atravessar quase todo o Brasil, na tentativa de que fosse mais do que uma fantasia.

Realmente, sei pouca coisa sobre a vida... Mas quando somos expectadores da mesma... Observamos as relações humanas, quase como quem estudasse antropologia. Coisas que comumente teriam pouca importância... ou seriam "comuns"... me chamam bastante a atenção. Coisas realmente simples como

dar as mãos, deitar em um colo,...Se as pessoas tivessem essa noção e por alguns instantes pudessem ver com esses olhos "distantes", dariam mais valor a elas...A sensação de representar algo para alguém ou alguém representar algo para você, faz com que dentre milhões de pessoas, você exista entre elas...Sempre terá alguém que dirá - "Mas você precisa se amar, independente de alguém". E realmente acho, que o auto-amor é importante, mas só nos conhecemos de fato interagindo, sendo desafiados ao improviso de "ser"...De ter de dar respostas ou agir...Do contrário, seremos como monges budistas procurando silenciar os pensamentos do mundo.. Mas nunca gostei do silêncio e por isso, escolhi a música como um dos meus instrumentos...

Nunca fico em silêncio com ela..

Acho que ninguém lerá o que escrevo, talvez nem eu mesmo, releia isso. Pensei até em jogar fora, mas acho que algum dia, se encontrar essas palavras...

Espero já não ser o mesmo... afinal sigo a filosofia do Raul Seixas: Prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada

sobre tudo..

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 03/11/2015
Código do texto: T5436374
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.