CISNES, GANSOS E PATOS......

Não é difícil perceber que quem “manda” no País são os todo-poderosos, os que acumularam fortunas desde a época do descobrimento da promissora terra. Os índios da atualidade, os poucos que restaram, matéria-prima in natura do povo brasileiro, continuam atestando a insignificância de seus ancestrais, encafuados nas matas, involuntáriamente convencidos que assim devem estar, como símbolos genuínos de sua pátria, como se não fossem humanos, e sim frutos das árvores, ou do cruzamento de macacos.
Os descobridores invasores estrangeiros e posseiros, quando aqui chegaram, certamente, leva-se a crer que pelo seu comportar dócil e passivo, estigmatizaram e classificaram a espécie como se da família dos palmípedes, imediatamente projetando os benefícios e prazeres que a patuléia poderia lhes proporcionar. E desde os primórdios os todo-poderosos reunem-se numa patuscada festiva. E a família dos palmípedes, na política , com seus grupos de afinidades e representantes da sociedade é assisitda como se em estado de beligerância, lutando até mesmo entre si, para estarem todos na condição confortável dos cisnes, que a natureza diferenciou com pescoços longos, tornando-os elegantes finos, sendo apreciados pelos todo-poderosos deslizando nos lagos teatrais, dizem até que têm canto, daí os sortudos não são perseguidos, nadam belos e tranquilos...

Os gansos foram escolhidos para que vivam e sobrevivam abarrotados de comida, goela abaixo, para, posteriormente, se deleitarem com seus fígados, num petiscar de “foie grás”(paté de fígadode ganso), aprisionados num alimentar-se doentio, privados de deslizar sua breve liberdade em leveza.

E os patos e paturis? Os todo-poderosos os apreciam comendo-os, de preferência numerados, como na receita de um famoso restaurante francês, fundado em 1582 (fonte de informação de um certo livro). Resumidamente, assim se processa:

“É indispensável que seja um bom pato, seis a oito semanas, engordados numa região de bom clima (uma temporada de quinze dias, pelo menos), aí, faz-se um “consommé” bem condimentado, feito de miúdos e de carcaças dos patos anteriores, assa em fogo forte superficialmente. Efetuada essa primeira operação, o “canardier” deverá permitir aos gourmets presentes, o acompanhamento do ritual que se sugere, mudando-se de armas e bagagens, e oferecendo aos olhos da assistência o resto do “sacrifício”. Coloca-se o fígado moído sobre uma travessa de prata, juntando-se uma mousse de fígado fresco, uma medida de Madeira velho, um pequeno copo de conhaque e uma rodela de limão. Cortam-se as coxas, que voltam a grelhar na cozinha. A continuação da receita está num livrinho muito simpático do falecido e famoso colunista social Ibrahim Sued, que sabia de tudo, do “apreciar” de gostos e modos refinados.
Para os mais encantados com a terra brazílis, o Pato no Tucupi, temperado ao molho feito com suco de mandioca, bem comum na região amazônica, também é bem apreciado.

Mas, para a maior parte do povo brasileiro, a patuléia, resultado do saciar da mistura de peles dos estrangeiros com indígenas e escravos africanos, continua não tendo acesso a assistir o Lago dos Cisnes, nem condições (aqui, ainda bem) do petiscar fino do fígado dos gansos, e, felizmente, não é de natureza biológica canibal, senão devorariam-se uns aos outros, no máximo, alguns se ferem bicando-se uns aos outros...

A quem interessar ainda possa...um pequeno grupo saudosista, movido pela ideologia.