Silenciada

me sinto só. e vazia. oca. deitada em frente à cortinas com sombras da arvore e muitas pessoas dormem ao meu redor. muitas. mas me sinto só. tão só que não quero sentir nada mais, tão vazia que não me cabe mais em mim. sinto tanta falta de tanta coisa que nao me parece real, mas que me acolhia. sinto falta de ser suficiente pra me acolher. dois anos depois me encontro na mesma situaçao, e hoje sou tao diferente, tao invisivel... nao por me ignorarem, mas por eu me ignorar. cansei, apenas cansei. de mim, de ti, de nós, dela, dele, deles. quero um cigarro neste momento e me sentir sobria me machuca. e me machuca sentir machucar, por ter me ignorado tantas vezes apenas pra parecer - e acreditar - que nao tenho nada de fragil. mas sou! e estou. estou tao fragil que estou desabando ha horas, viram apenas quando me deixei chorar, antes ou depois disso eu aparentava nao precisar de nada. só de mim. analiso e vejo ha quanto tempo ninguem me acompanha chorar, nao me recordo a ultima vez. me sinto tao deixada, de novo, pra tras que apenas nao deixo me levarem pra nao correr o risco. escondo isso, mas só afastei meu peito o suficiente pra respirar, ainda que meu ar seja poluido, pra que parassem de explodi-lo. nao suporto mais, nao me suporto, nao te suporto. nao suporto sentir, nao suporto lembrar. quero dormir esse quase dezoito de outubro, como se amanha eu nao fosse voltar pra casa e aqueles olhos que tanto amo fossem me desprezar... mas eu suporto, eu tenho que suportar, só nao sei.

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 29/10/2015
Código do texto: T5430567
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