A mulher no espelho & Aparecida Linhares
Observo dos pés a cabeça a mulher no espelho. Procuro nela as mudanças que deveriam estar bem visíveis por completar idade nova ou nova idade, não sei bem se a ordem faz diferença no processo de envelhecimento, por isso terei cuidado.
A fito nos olhos e recebo de volta um sorriso maroto que aflora bem devagar no canto dos lábios de forma sutil e desafiante, enquanto o olhar brilha travesso como o de uma menina disposta a brincar de pique esconde comigo.
Não me intimido diante do meio riso que conheço bem, e ignorando o convite a brincadeira continuo a buscar as tais mudanças, têm de estar ali naquela mulher que analiso alguma coisinha que eu deixo passar...
Canso...
Nada está diferente de ontem quando a olhei intensamente, na certeza de que hoje a encontraria muito mudada.
Afinal, são muitos anos que ela acha não terem sido "um mar de rosas", mas que pondera, teve mais altos que baixos, mais batalhas ganhas que perdidas e sabe ter colecionado boas gargalhadas, embora seja detentora do troféu de "chorante" emotiva em situações diversas; (puxou ao avô) disse um familiar certa feita...
Debocha desafiante na certeza que aprendeu a filtrar e extrair pra si, apenas a essência da vida, o que realmente interessa e faz sentido. Certa que o resto nada mais é que isso.
Observo a mulher e mais uma vez não percebo preocupação no que ela vê.
Contorno as olheiras de toda uma vida, mais que reflexo de noites mal dormidas elas são heranças de família, surpresa eu ficaria se elas não estivessem ali onde sempre estiveram... Imitando a máscara do zorro.
Devolvo um sorriso à mulher no espelho e concordo que tudo está como ontem.
Aparecida Linhares (Serahnil)
29/07/2015 (pós niver)
Observo dos pés a cabeça a mulher no espelho. Procuro nela as mudanças que deveriam estar bem visíveis por completar idade nova ou nova idade, não sei bem se a ordem faz diferença no processo de envelhecimento, por isso terei cuidado.
A fito nos olhos e recebo de volta um sorriso maroto que aflora bem devagar no canto dos lábios de forma sutil e desafiante, enquanto o olhar brilha travesso como o de uma menina disposta a brincar de pique esconde comigo.
Não me intimido diante do meio riso que conheço bem, e ignorando o convite a brincadeira continuo a buscar as tais mudanças, têm de estar ali naquela mulher que analiso alguma coisinha que eu deixo passar...
Canso...
Nada está diferente de ontem quando a olhei intensamente, na certeza de que hoje a encontraria muito mudada.
Afinal, são muitos anos que ela acha não terem sido "um mar de rosas", mas que pondera, teve mais altos que baixos, mais batalhas ganhas que perdidas e sabe ter colecionado boas gargalhadas, embora seja detentora do troféu de "chorante" emotiva em situações diversas; (puxou ao avô) disse um familiar certa feita...
Debocha desafiante na certeza que aprendeu a filtrar e extrair pra si, apenas a essência da vida, o que realmente interessa e faz sentido. Certa que o resto nada mais é que isso.
Observo a mulher e mais uma vez não percebo preocupação no que ela vê.
Contorno as olheiras de toda uma vida, mais que reflexo de noites mal dormidas elas são heranças de família, surpresa eu ficaria se elas não estivessem ali onde sempre estiveram... Imitando a máscara do zorro.
Devolvo um sorriso à mulher no espelho e concordo que tudo está como ontem.
Aparecida Linhares (Serahnil)
29/07/2015 (pós niver)