CAMINHANTE

Ela caminha neste domingo frio,quase fim de inverno.Em seu vai e vem desconexo ligeiramente cambaleante segue.Sempre voltando em seu circular monótono solitário vai e vem.

Restrita em seus pensamentos lineares de si mesmo,presa aos acontecimentos marcantes que fizeram-se vida.

Sorri quando um passante generosamente também, retribuindo seu gesto,educado.Seus cabelos brancos como as nuvens escondidas pelo cinza desta manhã quase chuva...seu corpo frágil franzino ignora o vento penetrante,quase interrompendo seu caminhar vacilante.

Quando nos encontramos sistematicamente pergunta meu nome (sempre)...esquecendo-se somos vizinhas.Com seu sotaque estrangeiro suave como o silvo dos pássaros,murmura seus encantos.Lá vem ela;em meus devaneios passei a tê-la ao meu lado.Esta calçada não é a mesma sem o vai e vem dela.Será, sua história tenha sido venturosa maravilhosa ou triste como suas lamúrias.Teria ela sido feliz amada simultaneamente... meus pensamentos embaralham-se em descobrir o que fora dona Aurora.

Gostaria de aconchega-la em meus braços e dar-lhe meus sonhos.

Mas qual! em seu vai e vem suas memórias estão perdendo-se no tempo.Seu andar sera temporariamente leve sútil.

Pois seus (90) anos estão sendo minados pelo mal do século...alzheimer.

Querida dona Aurora...caminhante de seu Destino!

Terezinha Dias Rocha
Enviado por Terezinha Dias Rocha em 06/09/2015
Reeditado em 06/09/2015
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