CAMINHANTE
Ela caminha neste domingo frio,quase fim de inverno.Em seu vai e vem desconexo ligeiramente cambaleante segue.Sempre voltando em seu circular monótono solitário vai e vem.
Restrita em seus pensamentos lineares de si mesmo,presa aos acontecimentos marcantes que fizeram-se vida.
Sorri quando um passante generosamente também, retribuindo seu gesto,educado.Seus cabelos brancos como as nuvens escondidas pelo cinza desta manhã quase chuva...seu corpo frágil franzino ignora o vento penetrante,quase interrompendo seu caminhar vacilante.
Quando nos encontramos sistematicamente pergunta meu nome (sempre)...esquecendo-se somos vizinhas.Com seu sotaque estrangeiro suave como o silvo dos pássaros,murmura seus encantos.Lá vem ela;em meus devaneios passei a tê-la ao meu lado.Esta calçada não é a mesma sem o vai e vem dela.Será, sua história tenha sido venturosa maravilhosa ou triste como suas lamúrias.Teria ela sido feliz amada simultaneamente... meus pensamentos embaralham-se em descobrir o que fora dona Aurora.
Gostaria de aconchega-la em meus braços e dar-lhe meus sonhos.
Mas qual! em seu vai e vem suas memórias estão perdendo-se no tempo.Seu andar sera temporariamente leve sútil.
Pois seus (90) anos estão sendo minados pelo mal do século...alzheimer.
Querida dona Aurora...caminhante de seu Destino!