O caso do porco
Acordei assim, bem cedo, antes das seis da manhã, só pra ir pra roça, pegar porco. Fomos nós, meu tio, meu primo e eu.
Caminhada pouca pra circular sangue, dizia meu tio; depois pegamos carona, no carro que ele vai sempre trabalhar.
Lá chegamos, paisagens bonitas muitas, muitas fotos, mas pilha fraca.
E o porco..., sete homens pra pegar o capado; bicho grande, forte, feito garrote erado.
Dois homens foram ao chão ao pegá-lo, e eu, só rindo de tudo e subindo cerca de curral com medo de mordida.
Pearam o porco com muito custo e o colocaram no caminhão pra levar pro matadouro. Eu fui em cima também. Meu tio segurava o bicho amarrado.
O capado meio cansado recuperava força e debatia em riba, remexia. Meu tio segurava, repuxava as cordas; eu só observava ele, a plantação e tirava fotos. Tomei lambada na orelha de árvore; orelha avermelhou.
O caminhão parou por instantes na cidade e o porco descansou. Na subida da rua o porco levantou. Meu tio repuxou a corda, mas força não tinha tanta. O porco ia cair lá fora, pensei.
Entreguei a máquina meu primo, peguei a corda e fiz força medonha pra ajudar. Pesado esforço aquele, mas derrubamos o bicho.
Pra desatar o porco, mais trabalho, mas depois ele foi caminhando tocado pro matadouro.
Ficou lá com outros porcos, esperando morte. Mas aquele era enorme, maior que todos. Quinze arrobas e três quilos, o dono falou. Fim da viagem, pensei.
E nós fomos embora, cheirando a porco.