O ciclo do parasitismo

     Depois que eu sai da escola, passei no mercado, comprei um pacote de biscoito e fui direto para a praça. Me alivie quando cheguei lá e vi tudo calmo, sem pessoas ou barulhos. Sentei em um dos diversos bancos que no momento estavam vazios. Na aula de sociologia o professor havia feito um comentário que não saia da minha cabeça. Ele disse: "Os humanos são os únicos animais que pensam, e são também os únicos que pensam que não são animais..."

     Eu estava perdido em pensamentos, olhando para o nada e pensando em tudo. Quando voltei a si, percebi que no banco ao lado antes vazio, agora havia um homem. Ele estava com os olhos fixados em mim, mas não fiquei com medo, a calsa rasgada e sua aparência frágil não era nada intimidadora...

     - Estou te olhando já faz um tempo e você nem percebeu. Seu corpo estava aqui nessa praça, mas sua mente estava em outro lugar. - disse ele.

      - Me desculpe, eu realmente estava no mundo da lua. - Respondi.

      - Você está com algum problema? Posso ajudar em alguma coisa? - ele realmente parecia preocupado.

      Como um andarilho que já possui seus próprios problemas poderia me ajudar? E o que ele ganharia com isso?

     - Não é nada de mais... apenas não consigo tirar uma coisa da cabeça... - Eu disse a ele

      - Talvez eu possa ajudar. - insistiu ele.

      Então eu contei tudo a ele...

      - Talvez essa coisa não esteja na sua mente, e sim, no seu coração. Tirar algo da cabeça é simples, difícil mesmo é tirar algo que está no seu coração. - Essa foi e resposta dele.

     E lá se vai minha mente, um turbilhão de questionamentos surgiu. Ele era um andarilho, mas tinha mais conhecimento do que a maioria das pessoas que eu conheço.

     - Ei, garoto? Esta viajando de novo? - zombou ele

     - É... - Foi minha resposta.

     - Você poderia me dar algo para comer? Estou com fome. - ele fez essa pergunta esboçando expressões de constrangimento.

     Desde que cheguei na praça, fiquei perdido em pensamentos e esqueci de comer o biscoito que eu havia comprado. Abri minha bolsa, peguei o pacote de biscoito e entreguei a ele. Ele abriu a pacote e começou a comer...

     - Quer? - perguntou ele, quase esfregando o biscoito no meu rosto.

     - Não, obrigado.

     Um cachorro se aproxima da gente, cheira o meu pé e deita em cima dele. Sem hesitar, o andarilho pega um biscoito e coloca no chão para o cachorro comer. Em seguida, o andarilho levanta, fica de costas e sai caminhando. Depois de dar cinco passos, ele para, olha por cima do ombro...

     - Eu sei que você deve estar se perguntando porque eu dei um biscoito para esse cachorro, mesmo eu não tendo nada para comer. Mas sabe, os humanos são os únicos animais que pensam, mas também são os únicos que pensam que não são animais. - ele disse isso é saiu caminhando.

     Essas palavras me atingiram como um tiro, fazendo eu entender tudo. Os humanos são os únicos animais que pensam? Isto estava errado, o cachorro só se aproximou porque sabia que ia ganhar um biscoito, assim como o andarilho se aproximou porque sabia que ia ganhar algo. Os humanos e os animas são parecidos, pensam igualmente. Assim como os carrapato vivem a custa de um indivíduo, alguns humanos fazem o mesmo ao viverem a custa de outro humano.

    

Malicioso
Enviado por Malicioso em 29/08/2015
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