Através da janela
Através da janela vejo a vida que passa rápido, a tal ponto de ser quase despercebida. Vejo o verde das matas que encantam os meus olhos com suas belezas que parece mudar a cada instante, como se estivesse me convidando a descobrir o novo. Vejo cercas que marcam e dividem a vontade de se ter poder, de ser dono de algo. Nossa "o que foi isso?" há, não, não foi um "vulto", eram apenas vidas que passavam a 100, 120, 140km na contra mão da vida, a procura do ilusório, a caminho do incerto.
Através da janela, posso contemplar os pássaros que voam longe como se estivessem fugindo de toda essa loucura, chego a sentir por algum momento inveja deles. A cada curva torno-me mais apreensivo pois não sei o que me espera mais adiante.
Através da janela vejo e posso perceber que a vida continua, mesmo estando sentado a viajar nos meus meros devaneios. Vejo aquelas pessoas que estão ficando para trás, que já não as vejo, já nem lembro mais. Será que aquele menino que corria alegremente por aquele pequeno caminho apertado, com um bola na mão e mesmo estando suas roupas sapecadas por respingos de lama, mas trazia consigo um sorriso, percebia que eu o observava e aprendia um pouco do que provavelmente poderia ser, a tão buscada e desejada, felicidade? Talvez aquele taxista que esperava atentamente os passageiros que desciam naquele pequeno vilarejo com casas simples, distante umas das outras, como as pessoas nas grandes metrópoles, notou que eu escrevia a seu respeito?
Através da janela vejo e guardo em minha memória as vidas que agora se consumem em duras e intensas imaginações, que já não sei ao certo se reais ou fictícias, mas agora, que queira ou não, fazem parte da minha, da sua, da nossa história.