Cê que sabe

— Eu vou embora.

— Vá.

— Tô falando sério...

— Tudo bem.

— Tá... eu fico.

— Cê que sabe.

— Qual seu problema? Quer que eu fique ou não?

— Cê que sabe.

— Vai ficar bravo se eu ir?

— Talvez.

— Talvez? Preciso de uma resposta concreta!

— Eu não sei respostas concretas.

— Esse é seu problema! Você nunca sabe de nada! Fica tudo sempre na minha mão! Eu tenho que decidir tudo e aprender a me virar se não foi o que você quis. Eu queria não ter que decidir sozinha sobre nós. Falando nisso... o que somos nós? Estou aqui há um tempo e ainda não sei.

— Defina você.

— EU NÃO SEI DEFINIR! MAS QUE DROGA!

— Tudo bem. Vai ficar tudo bem.

— NÃO! Não está tudo bem! Como pode ficar tudo bem? Você está neutro nisso tudo. Eu estou me abrindo. Sou a porra de um quadro, exposto à visitação pública e você aí, todo fechado, sem respostas pra nada.

...

— Vai... diz alguma coisa! Eu tô surtando.

— Fica.

— Então tá... Vou ficar.

— Ok.

— Vamos beber alguma coisa? Você prefere vinho tinto ou branco?

— Cê que sabe.

Ana Eduarda
Enviado por Ana Eduarda em 04/08/2015
Reeditado em 26/06/2022
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