Cê que sabe
— Eu vou embora.
— Vá.
— Tô falando sério...
— Tudo bem.
— Tá... eu fico.
— Cê que sabe.
— Qual seu problema? Quer que eu fique ou não?
— Cê que sabe.
— Vai ficar bravo se eu ir?
— Talvez.
— Talvez? Preciso de uma resposta concreta!
— Eu não sei respostas concretas.
— Esse é seu problema! Você nunca sabe de nada! Fica tudo sempre na minha mão! Eu tenho que decidir tudo e aprender a me virar se não foi o que você quis. Eu queria não ter que decidir sozinha sobre nós. Falando nisso... o que somos nós? Estou aqui há um tempo e ainda não sei.
— Defina você.
— EU NÃO SEI DEFINIR! MAS QUE DROGA!
— Tudo bem. Vai ficar tudo bem.
— NÃO! Não está tudo bem! Como pode ficar tudo bem? Você está neutro nisso tudo. Eu estou me abrindo. Sou a porra de um quadro, exposto à visitação pública e você aí, todo fechado, sem respostas pra nada.
...
— Vai... diz alguma coisa! Eu tô surtando.
— Fica.
— Então tá... Vou ficar.
— Ok.
— Vamos beber alguma coisa? Você prefere vinho tinto ou branco?
— Cê que sabe.