Deu um Branco - EC
Começou as férias das crianças. E como não tenho mais crianças em casa, fui buscar meus netinhos que moram no litoral.
Desde que começou o calendário escolar, toda semana o nenê nos diz:
- Vou passar as Félias na sua casa, vovô. Pode ser?”
Como é que eu vou dizer que não, não? E quinta- feira, no feriado fomos buscá-los. Alegria total de um lado, do outro preocupação. Medo de que o nenê, de quatro aninhos, sentisse falta dos pais e desandasse a chorar, pois só vamos poder voltar na próxima quinta ou no fim de semana.
Os amiguinhos , sem nem pedir-nos permissão foram pedir aos pais se podiam ir junto, quer dizer, vir conosco para São Paulo. Os pais não deixaram e o chororô rolou forte. Mas graças a Deus foi por uma hora mais ou menos. Logo voltaram a brincar.
- E as mochilas, crianças, onde estão e como estão? Colocaram tudo o que é preciso para uma semana?
- Maria, não esqueça chinelos, livros, que vai querer ler, escova de dentes, pentes, viu? Agasalho também porque em São Paulo está um frio enorme.
- Tá, vó. A mamãe já me ajudou. O Di também ajudou a arrumar o que ele quer levar. Está tudo em ordem.
Na saída, os pais fizeram uma montanha de recomendações às crianças. E nós subimos a serra.
Moro num apartamento que não é grande e os visitantes devem ter paciência e se acomodar como dá. Quer dizer dormir em colchões , na sala. E assim foi feito. A noite correu na normalidade.
Na sexta-feira, o Di depois do café da manhã me diz:
- Vó, me dá uma folha em blanco que eu quelo esclevê?
_ Com certeza eu te dou a folha mas, em branco... não sei não, pois não sei o que é folha em branco. Você sabe?
- Claro que sim. É uma folha sem nada escrito nela.
_ Que bom que você sabe, nenê! Pensei que tivesse te dado um branco e você tivesse esquecido.
- Eu não esqueço nada, vó. Quem vive esqucendo as coisas é a Malia.
- Como assim?
- É sim. Ela falou plá minha mãe e plo meu pai que na plova da escola deu um um blanco e ela tilou nota baixa.
_ E agora?
- E agola, vó, ela ficou de castigo pla estudá, mais e nunca mais tê blanco na escola, né?
A Maria, meio sem jeito, protestou:
- Linguaruado. Precisava fofocar desse jeito?
- Num sô lingualudo, não. Você num teve blanco na escola?
- E você, já teve branco na escola?
- Não né. Eu aprendo tudo que a plofessola ensina. Pulisso quero o papel em blanco plá tleina a letlinha a.
E eu que achei que ele não sabia é que era ter “um branco”! Quem teve um branco fui eu que fiquei como boba rindo como estou ao lembrar a situação.
E fez, com ajuda, uma porção de "letlinha" a.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Deu um Branco
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/deuumbranco.htm
Começou as férias das crianças. E como não tenho mais crianças em casa, fui buscar meus netinhos que moram no litoral.
Desde que começou o calendário escolar, toda semana o nenê nos diz:
- Vou passar as Félias na sua casa, vovô. Pode ser?”
Como é que eu vou dizer que não, não? E quinta- feira, no feriado fomos buscá-los. Alegria total de um lado, do outro preocupação. Medo de que o nenê, de quatro aninhos, sentisse falta dos pais e desandasse a chorar, pois só vamos poder voltar na próxima quinta ou no fim de semana.
Os amiguinhos , sem nem pedir-nos permissão foram pedir aos pais se podiam ir junto, quer dizer, vir conosco para São Paulo. Os pais não deixaram e o chororô rolou forte. Mas graças a Deus foi por uma hora mais ou menos. Logo voltaram a brincar.
- E as mochilas, crianças, onde estão e como estão? Colocaram tudo o que é preciso para uma semana?
- Maria, não esqueça chinelos, livros, que vai querer ler, escova de dentes, pentes, viu? Agasalho também porque em São Paulo está um frio enorme.
- Tá, vó. A mamãe já me ajudou. O Di também ajudou a arrumar o que ele quer levar. Está tudo em ordem.
Na saída, os pais fizeram uma montanha de recomendações às crianças. E nós subimos a serra.
Moro num apartamento que não é grande e os visitantes devem ter paciência e se acomodar como dá. Quer dizer dormir em colchões , na sala. E assim foi feito. A noite correu na normalidade.
Na sexta-feira, o Di depois do café da manhã me diz:
- Vó, me dá uma folha em blanco que eu quelo esclevê?
_ Com certeza eu te dou a folha mas, em branco... não sei não, pois não sei o que é folha em branco. Você sabe?
- Claro que sim. É uma folha sem nada escrito nela.
_ Que bom que você sabe, nenê! Pensei que tivesse te dado um branco e você tivesse esquecido.
- Eu não esqueço nada, vó. Quem vive esqucendo as coisas é a Malia.
- Como assim?
- É sim. Ela falou plá minha mãe e plo meu pai que na plova da escola deu um um blanco e ela tilou nota baixa.
_ E agora?
- E agola, vó, ela ficou de castigo pla estudá, mais e nunca mais tê blanco na escola, né?
A Maria, meio sem jeito, protestou:
- Linguaruado. Precisava fofocar desse jeito?
- Num sô lingualudo, não. Você num teve blanco na escola?
- E você, já teve branco na escola?
- Não né. Eu aprendo tudo que a plofessola ensina. Pulisso quero o papel em blanco plá tleina a letlinha a.
E eu que achei que ele não sabia é que era ter “um branco”! Quem teve um branco fui eu que fiquei como boba rindo como estou ao lembrar a situação.
E fez, com ajuda, uma porção de "letlinha" a.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Deu um Branco
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