A fantasia do escritor

A maior beleza escrita, muitas vezes, não é aquela vivida, mas a plena fantasia que como um sonho reportamos.

Faz parte de nós, do que acreditamos, do que sentimos, mas nem sempre vivenciado.

Somos capazes de falar do amor mais pleno, ainda que mais próximo tenhamos chegado de uma paixão platônica.

Transcrever a melhor amizade, ainda que passemos a maior parte do nosso tempo sozinhos.

Suspirar os mais intensos desejos, ainda que nos contentemos a fagulhas diárias...

Talvez porque tudo exista profundamente dentro de nós, hibernando.. Bastando uma simples emoção para que tudo venha a tona...

Como espíritos, cujo sentir, se manifesta no corpo ou na própria realidade... Pensamentos que por não caberem dentro de nós e ao lançarmos para fora, se materializam, concretizam...Num deleite quase palpável...

Dentro de todo poeta, creio que exista um caos particular...Que exige uma ordenação e arrumação, que acabe conduzindo cada ideia para um novo lugar, uma nova esperança...

O poeta reconstrói o mundo... Não apenas o seu particular, mas a forma como outros veem...emprestamos nossos olhos para que as mesmas rotinas ganhem outros contornos, outra forma e beleza...

Não vemos todas as flores plantadas, mas ainda assim imaginamos o jardim para o qual o leitor se transporta..