NOTA DE FALECIMENTO...

Faleceu nesta noite, por volta das 22h00, o galo, vulgo Tuco.

O que mais impressiona nessa história é que a causa do óbito não foi a panela, como era de se esperar! Na verdade, o galo meteu o bico onde não devia, e acabou despedaçado por um dos animais do terreno que ficou extremamente irritado! Engraçado foi o fato de meu finado amigo haver conseguido tirar a paciência do Tobby! Tobby sempre se mostrou manso e paciencioso! Mas temos de admitir: até animais tem limite!

Há meses, eu já vinha reparando o comportamento pra lá de estranho (suspeito... quase sinistro) daquele galo. Não se tratava apenas de cantar fora de hora ou fora de contexto! O galo era um tremendo folgado! Apesar de ser um dos últimos moradores a chegar no sítio, foi "se achando" e tomando conta do pedaço como se tudo por ali lhe pertencesse.

O maior prazer do falecido era se meter na conversa animal alheia! Não podia ver dois cachorros dialogando com seus insistentes latidos, ou qualquer outro grupo de animais reunidos, que já ia lá mostrar a potência de seu bico e o resplendor de suas esporas, sempre a cintilar, entre uma perfuração e outra!

Ele se metia com os cachorros, com os gatos, com os periquitos, com o papagaio, com os porcos e até com animais que apareciam por ali eventualmente como rolinhas, sanhaços sabiás e curruíras! Uma vez, alto da madrugada, vi o infeliz arrastando as asas para uma coruja pousada tranquilamente sobre a estaca de uma cerca! Olha se tem cabimento! Não sei se a coruja entendia direito o que estava rolando, mas percebi que prestava atenção com grande curiosidade... com olhos arregalados!

Se achando "o cara!", não podia ver um sossegado ou feliz que já ia metendo as unhas, acabando com a alegria e animação sempre visível nas rodinhas animadas de bate-papo animal!

Até agora pouco os restos do animal estavam jogados no terreiro. Deixei lá para ver o que aconteceria. Estranho! Pensei que o resto da bicharada, para lavar a alma, acabaria de destruir o que restara do infeliz, mas não. No máximo davam uma olhadinha... uma cheiradinha e seguiam seu caminho! Nesse ponto noto que temos muito, ainda, a aprender com os animais!

De minha parte, resta a dor da perda, pois, apesar de tudo, era ele um dos únicos, com seu canto distorcido, que me fazia companhia noite adentro!

Por outro lado, Acabaram as encrencas! Hoje tudo amanheceu calmo... na paz!

Deixou, o falecido, cinquenta esposas e uns mil e trezentos filhos (isso sem contar os ovos chocos)! Aliás, muitos dos filhos já parecem propensos a disputar o posto, atualmente vago, de encrenqueiro "mor" do terreiro!

Vamos ver como acaba essa história! Se houver novos capítulos interessantes, relatarei aos colegas, pois sei que muitos aqui são ambientalistas!

Saudades do amigo corujão...

limalves
Enviado por limalves em 02/07/2015
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