"Eu bebo sim, estou vivendo". O alcoolismo no Brasil

"Eu bebo sim, estou vivendo, tem gente que não bebe está morrendo"...

Quantos não cresceram ouvindo esta melodia?

Assim, não raro, muitos aprenderam que o copo era um aliado infalível e tomar uns porres era tudo de bom, denotava liberdade, maturidade e certeza de acolhimento e aceitação pelos 'amigos' e conhecidos.

O alcoolismo é causa de saúde pública e anualmente o governo brasileiro dispende recursos em prol do tratamento das vítimas do mal a que fora acometido o cidadão brasileiro.

Lendo uma matéria veiculada na manhã deste dia no sítio da Agência Brasil de Notícias, aquela relatava vários casos em que as vítimas, heroicamente, se dispunham a narrarem os pormenores de suas crises existenciais envolvendo o alcoolismo.

Nada diferente do que já conhecemos e estamos até saturados de saber. O álcool é um perigo, povo meu! Ele destrói sua vida, seus neurônios, sua família, seus ideais, sua existência...

Na referida matéria, me surpreendi com a narrativa de um jovem de 18 anos que, pelo fato de ter histórico de alcoolismo em familiares próximos, evitou ingerir seu primeiro gole, ou seja, mesmo sendo hoje um jovem moderno, jamais engoliu uma gota sequer de álcool.

Não sejamos tão rígidos e inflexíveis assim, afinal, tomar um gole é muito saudável até, mas se há uma predisposição, um histórico familiar que desagua num vício, ser forte é dispensar qualquer experimento.

Achei, sinceramente, muito pontual o caso em tela. Pensei: este é o cara! Deve ter falado consigo mesmo, não uma ou duas vezes, a frase sábia: Tô fora, meu!

O alcoolismo é fato, destrói, mingua sonhos e despedaça famílias inteiras, e, infelizmente, estatísticas exibem que esta prática não vem de hoje.

Os homens buscam preencher o vazio existente em seu ser, com algo que o renove, deixe-o mais leve, menos tenso, free... O problema dá-se quando exagera nesta escolha, coloca este fator como uma rotina e aí se enrola em tormentos, tristezas e prejuízos difíceis de computar.

Qual o preço da sua paz?

Como quantificar uma dor? E qual o quantum de um tormento?

Impossível valorar em pecúnia cada sentimento elencado acima...

Tinha um tio que, de forma 'engraçada às avessas', bradava de forma reiterada: "Eu bebo, porque vejo no fundo do copo o retrato da mulher que eu amo". Lamentavelmente meu titio teve um final de vida triste... Viciado, rejeitou todos os tratamentos impostos pela família, quebrou os juramentos de 'nunca mais eu bebo', falecendo alcoolizado, fétido, debaixo de uma ponte famosa da capital pernambucana.

Seria isto uma escolha? Seria um estilo de vida? Seria uma doença e como tal carecedora de tratamento adequado?

Fico com a última alternativa. É, sem dúvida uma doença, um mal e como tal deve ser tratada adequadamente. O problema ocorre quando o próprio homem, senhor e dono do seu nariz e destino, escolhe trilhar veredas tenebrosas, acreditando estar vendo estrelas reluzentes. Ledo engano.

O alcoolismo é fato.

O alcoolismo mata.

O alcoolismo destrói famílias inteiras.

O Brasil tem estatísticas alarmantes, mas há, infelizmente pouco investimento na causa, as mídias quase nada divulgam acerca dado alarmante quadro e o resultado disto é um silêncio aflito que quanto mais nos calamos, maior é nosso grito interior.

Tenho acompanhado o caso de uma pessoa próxima que iniciou o vício ao tomar duas cervejas todos os dias ao final do expediente. Hoje, totalmente dependente, só dorme alcoolizada... Coitada, uma mulher bela, mas vencida pelo vício. E o pior, ela nem se apercebeu ainda do drama que vivencia. Acha que é livre, que a vida é dura e que trabalhando arduamente, tem todo o 'direito' de tomar todas e pagar com o fruto do seu suor. Trabalha de dia para gastar com bebidas de noite...

Eis o raio x de muitas vidas nos dias atuais.

Fazer vistas grossas a este fenômeno que envolve até muitos jovens é idiotice generalizada, carente de uma aula de atualidades do cenário brasileiro.

Bom seria que fossem adotadas medidas mais incisivas e pontuais no afã de ajudar muitas pessoas viciadas. Sempre lembrando que elas não são viciadas porque querem, mas sim porque foram, infelizmente, vencidas pelo álcool, sendo, portanto, carentes de amparo, compreensão e de um ombro amigo.

"Não bebo não, estou vivendo"...

Link da matéria disponível no JusBrasil

http://ftimaburegio.jusbrasil.com.br/artigos/195614010/eu-bebo-sim-estou-vivendo-o-alcoolismo-e-as-familias-brasileiras-um-mal-silencioso-que-tem-se-agravado?ref=news_feed

Fátima Burégio
Enviado por Fátima Burégio em 07/06/2015
Código do texto: T5269346
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.