O PESO DA HUMANIDADE

Corpulentos  em ritmo acelerado se arrastam desenfreados no desatino de lugar nenhum chegar, obesos de arrogância, inchados de vaidades e inflados em seus desejos rasos, cambaleiam pelo peso do que carregam mesmo estando vazios de gentileza, benevolência e generosidade, passos apressados em sua mesmice de materializar de forma vil muito além do necessário, muito mais do que se possa carregar, que se consiga consumir, ganância tamanha de uns tantos que acumulam o que seria suficiente para muitos, incontáveis para não dizer quase todos.
Vilipêndio pela leveza da alma, pela sutileza do gesto e pelo gosto de ver o sorriso que brota no rosto de quem precisa e recebe o indispensável.
A mesa é farta, mais que o suficiente para todos, porém, o apetite de alguns é maior, é capital em seu pecado, é a gula que se torna canibal e devora o semelhante, lhe usurpa e consome o direito pelo razoável, pelo humano e pelo justo.
Dois mil anos se passaram, e do pão e peixe divididos a humanidade se esqueceu, o tempo de cultivar o que se ensinou um dia esgotará, os que colheram muito além do que plantaram precisarão levar consigo esse peso, e prestar contas, e pagar os impostos pelo excesso, onde finalmente, pelo esforço de carregar tamanha carga, poder desfrutar do merecido descanso em um balneário quente feito o Hades experimentando a anorexia de suas almas.