Filosofias de uma vida
Não podemos fazer vistas grossas à tremenda crise que assolou e assola nosso país nos dias atuais.
O negócio anda tão feio que há um clima de comoção, de tristeza, de desânimo nos milhões de brasileiros e o que estamos querendo na atual circunstância, é que a coisa melhore, ou, ao menos, dê uma trégua, pois está insuportável.
Estes dias, lemos uma matéria em que o ex-presidente Lula dizia que o povo está preocupado por causa de uma 'crisesinha' desta... Reflexiva, pensamos: Não tente colocar no diminutivo um termo que ficaria bem se pudéssemos colocar no aumentativo. Chega de tapar o sol com a peneira...
Deixemos a política de lado e vamos aos fatos;
Parece até que os brasileiros estão órfãos de pai e mãe, perceberam? Estamos presenciando um Brasil enlutado. O povo já não sorri como outrora, e, mesmo que sejamos uma pessoa animada, alto astral, de bem com a vida, reconhecemos que está difícil segurar a barra.
Não queremos ser hipócritas, mas não temos encontrado muitos, ou nenhum motivo para sairmos às ruas com um sorriso no rosto. O único sorriso que nos restou (se é que restou), foi um acanhado sorriso amarelo, tímido.
A crise que se instalou no Brasil está a tirar o sono da sociedade. O povo está sofrendo. A educação clama. O povo reclama. O mundo proclama nossa derrota e queda em voo livre...
Uma lástima!
Soubemos estes dias a real história de um pai de família que percebeu seu último salário em torno de 5 mil reais, e, agora desempregado, 'brigava" por uma vaga numa empresa de call center para ser remunerado em apenas um salário mínimo + vantagens.
Ele topou, gente boa!
A necessidade está mudando o perfil dos trabalhadores brasileiros.
Quando foi entrevistado, o homem não pensou duas vezes e rasgou o verbo em sinceridade:-"Sou um pai de família e preciso dar de comer aos meus filhos pequenos (um recém-nascido) e minha mulher. Não há escolha. O Brasil quebrou e eu quebrei junto"! Finalizou.
Não é muito interessante filosofar nestes dias tenebrosos, pois a realidade nos afeta e nossos pensamentos divagam em tentar encontrar as respostas para a melhor saída deste buraco negro onde vemos tudo cinza, como bem dizia o cantor Lobão (Tá tudo cinza sem você/tá tão vazio).
Assim, seguimos lamentando, mas sonhando. Nossos arquivos encontram um pensamento de autoria do Eduardo Alves da Costa retratando bem o que sentimos na atual situação. Atentem:
Na primeira noite
eles se aproximam
e colhem uma flor
De nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite,
já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E, porque não dissemos nada,
já não podemos fazer nada!
Ainda há um sonho a sonhar. Ainda há uma vida a viver. Ainda resta um coração a pulsar... Então: vale à pena viver!
Avança, meu Brasil!