"Feirinha de Teresópolis" OST- Lisy Telles

Na Feirinha de Teresóplis

Era preciso renascer...
Assim, ao aceitar transferir-se para Teresópolis, ela estava em busca de um novo caminho. Não conhecia aquela cidade serrana, mas, sem objeção, aceitou  a escolha do marido para saírem do Rio de Janeiro em busca de uma cidade mais tranquila.

Ali, naquela cidade, tendo o Dedo de Deus como ponto de referencia: Ela voltou a pintar: com a esperança renascendo, sentiu vontade de mostrar seu trabalho.
Soube da existência de uma grande feira que funcionava nos fins de semana e feriados, numa praça, na parte alta da cidade. Eram mais de novecentas barracas cadastradas na prefeitura: Roupas, artesanato, doces típicos e uma área reservada aos artistas plásticos.
Com ajuda do companheiro, tomou coragem e conseguiu licença da prefeitura para participar da feira, levando seus quadros.
Aos pouco começou a se reencontrar e a sentir que era possível prosseguir na caminhada descobrindo novos horizontes.
Pintava quadros pequenos e levava para serem comercializados na feirinha.

Para o artista, desapegar-se de sua obra não é fácil. Entretanto, depois de algumas vendas, ela começou a entender que cada quadro era como um pássaro, que ao cria asas tem que voar... Irão enfeitar outros espaços, onde, talvez, sejam mais valorizados.
Afinal, quem compra aprecia e dá valor ao que compra.

Junto aos expositores da feira ela encontrou amigos com o mesmo sentimento de amor à arte, mas com objetivo de venda.
Diferente de outro profissional, que trabalha pra ganhar: o pintor precisa ganhar para poder trabalhar, ele precisa de tinta, tela, pincel e... Sobreviver.

Ali, naquela feira, ela via seu trabalho ser mais valorizado até pelos filhos, amigos e parentes. Afinal, pessoas pagavam para ter um quadro, que em sua casa era apenas mais um.
Aos pouco, a felicidade dela passava a ser pessoal, começava a se sentir feliz por ela mesma e não calcada na felicidade dos outros.

Certo dia resolveu que levaria, além de quadrinhos, três ou quatro quadros grandes: bem emoldurados, como se fosse apresentá-los num salão. Não tinha ilusão de vendê-los já que o preço teria que ser elevado; o que estava em desacordo com ambiente da feira. Mas seria uma experiência e uma forma de expor seus trabalhos maiores e valorizar seu painel.

Estava o grupo de expositores conversando, distraidamente, quando:
Uma senhora de bermuda aproximou-se.
Olhou os quadros e se dirigiu ao grupo, querendo saber a quem pertencia o painel com os quadros maiores.
Perguntou o preço. A artista respondeu, um pouco sem jeito por ter que dar um preço que julgava alto. (ela era péssima vendedora).
Após dizer o valor dos quadros: timidamente informou que havia outros quadros menores, do outro lado do painel, com outros preços.
A senhora olhou tudo e perguntou:
...Você aceita cheque?
...Sim. A senhora pode escolher à vontade..
A senhora olhou mais uma vez, e disse:
... Quero todos.
...Todos?... A artista repetiu assustada.
... Sim. Quero todos os grandes.

A artista estava tão nervosa que não sabia o que fazer. Começou a abria e fechar a bolsa, procurando o talão de cheque e a caneta.
Por sorte, sua filha chegou e disse:
... Calma, mãe. Quem paga é quem compra.

Ela não estava acreditando...
Um novo horizonte, de autoconfiança, despontava a sua frente.







 
Lisyt
Enviado por Lisyt em 22/05/2015
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