AVENTURA E REFLEXÃO NA MATA

Todos os dias pela manhã faço a minha caminhada de aproximadamente 6 km, o que me deixa disposta o resto do dia.
Nos últimos dias por uma causa nobre, mudei o meu trajeto e resolvi andar na pista que margeia o parque dos Jequitibás, um parque ecológico com extensão de aproximadamente 12 hectares.O parque possui uma trilha fantástica  com uma mata super fechada, o que me deixa encantada.
Dia desses  na minha caminhada habitual, margeando o parque, me bateu uma vontade louca de entrar naquela mata. Quando estava no trajeto de volta resolvi fazer a loucura de entrar na trilha àquela hora da manhã, por volta das 7.30 h, sozinha. Deixei para trás a pista e sem pensar nos riscos, resolvi  obedecer ao chamado da natureza.
É simplesmente maravilhoso, sentir a energia de um lugar onde a natureza predomina. Sentir o cheiro da vegetação é uma sensação mágica.
A magia de ser abraçada pela mãe natureza, com um profundo sentimento de gratidão por estar ali, sozinha, ouvindo o canto dos pássaros e apreciando a diversidade das plantas.  
Com as chuvas constantes e grandes tempestades, a mata ficou muito fechada,  árvores caídas, acho que por causa dos raios, dificulta bastante transitar ali por dentro.
Como estava tomada pelo espírito da aventura, desbravei caminhos, atravessei verdadeiros emaranhados de cipós e galhos que obstruíam a passagem. As marcas nas pernas e braços mostravam a dificuldade de caminhar por certos trechos. Depois de tanto caminhar, finalmente, a trilha reapareceu, e cheguei num largo com mangueiras e um riacho protegido por barrancos que divide o parque. Eu estava em direção contrária, entrei pelo final da trilha. Atravessando a ponte começa a trilha construída de pedras que facilita muito a caminhada, porém, a ponte está em ruínas, faltando algumas madeiras. É preciso equilíbrio para pisar em ripas finas. E aí começou meu drama. Eu não tenho um pingo de habilidade para me equilibrar na corda bamba, aquelas ripas finas não se diferenciavam muito de uma corda. Tentei algumas vezes me equilibrar para atravessar, mas todas as tentativas foram em vão. Eu tinha consciência de que eu não tinha a menor condição de passar por ali sem o auxílio de uma mão ou uma árvore para apoiar-me. Não havia ninguém na trilha àquela hora da manhã. Eu estava completamente sozinha. Existia a possibilidade de voltar por onde vim, mas teria que desbravar a mata novamente, andar muitos metros e retornar todo o trajeto por fora, pois o meu carro estava no estacionamento do parque.  Ali, permaneci alguns minutos parada refletindo, a vida nos prega a todo o momento essa peça, é o momento que temos que decidir avançar e encarar o desconhecido ou recuar. Eu não estava nem um pouco disposta a recuar, não gosto de andar pra trás tendo a possibilidade de avançar. Também sabia que não conseguiria atravessar a ponte sem auxílio. Uma queda daquela altura não me deixaria muito bem e eu não conseguiria subir de volta para aonde eu estava. Naquele momento eu tive a certeza de que nunca estamos sozinhos e sabia que uma mão mesmo que invisível se estenderia para me socorrer. Saí andando a procura de algo que me ajudasse naquele momento, foi quando encontrei um galho caído de aproximadamente 2m. Um suporte perfeito para sustentar o meu peso. Segurei o galho na vertical, fincando-o no chão e fiz dele uma bengala de apoio e com segurança atravessei o rio sobre a ponte em ruínas, depois o coloquei à margem do rio para auxiliar o próximo que passasse em direção contrária a que eu estava. Saí dali radiante, super energizada e com a certeza de que contemos uma força extraordinária interior e de que tudo podemos.  Somos livres para realizar o que queremos. A vida é feita de riscos, de erros, acertos e devemos vivê-la intensamente e a intensidade nem sempre está nas coisas extraordinárias, mas a encontraremos na simplicidade. Extrair de todos os momentos da vida o melhor que ela tem para oferecer, isso é simplesmente viver...
HILDA STEIN
Enviado por HILDA STEIN em 12/05/2015
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