Passei dos sessenta anos: envelheci.

Tenho mais de sessenta anos, e cabelos naturalmente cinza.

Muitos amigos e parentes da minha idade e, até mais novos, se foram.

Viver a partir dos 60 anos é aprendizado constante, ao menos pra mim que não me lembro de já ter envelhecido.

É divertido ver as pessoas viverem cada qual ao seu modo, embora uns mais felizes que outros com as suas escolhas.

Hoje, existe uma indústria muito rentável: indústria do envelhecimento, que vende fórmulas, aconselha, faz reposição disso, daquilo, radiografa, faz intrincados exames, enfim tenta terceirizar a velhice – dos outros, “mostrando o melhor caminho”.

Eu não pretendo parar de viver a rotina que escolhi e conquistei pra me “terceirizar”. Quando, e se precisar de ajuda, pedirei.

Simplificar sempre foi o meu jeito de viver, e o meu show vivo eu.

Tenho os meus métodos que para mim funcionam a contento. Gozo boa saúde e médio juízo. Na minha velhice repito: mando eu!

Não tenho pressa: durmo tarde porque gosto, e me dou o direito de acordar quando o meu sono acaba. Quando me convém acordo antes das 6 da manhã sem precisar de despertador.

Se quero caminho, ando de bicicleta ou passo a tarde lendo deitada na rede. Raramente vejo televisão, mas gosto de ouvir rádio enquanto cozinho. Mantenho uma tradição: ouço música clássica, grandes orquestras e corais.

Aprecio cozinhar, como de tudo com moderação: aprendi a disciplinar o meu apetite, após anos de treino, e por não me convir ganhar peso.

Bebo meia taça de vinho ou um copo de cerveja quando tenho vontade; suco de frutas e água, por prazer e alimento.

Eu envelheci, e me orgulho disso.

Gosto de ser desafiada pela tecnologia, a considero útil, superinteressante e excelente treino mental.

Prefiro informática a jogos, crochê, tricô...

Hoje, procurei Palavras Cruzadas numa banca. Estranhei não haver nenhum exemplar! Terão se tornado obsoletas?

Para o almoço do feriado farei um prato especial: temos convidados.

Achei melhor anotar dicas da receita, pois o prato não é trivial.

Gostei de ir a um site de gastronomia, copiar e enviar pra mim mesma o que eu queria.

Estou curtindo envelhecer aprendendo. Com certeza no século XXI envelhecer é outra coisa!