VERDADES ABSOLUTAS

Quem, às vezes, não se encastelou por trás de suas verdades absolutas ao longo da vida? Tipo: “Não como prato que misture doce com salgado. Não gosto de filme de ficção científica. Não aprecio montar jogos de quebra-cabeça.” Contudo, um dia você se pegou degustando um bom peito de peru, servido com arroz de nozes, pêssegos em calda e fios de ovos. E quanto àquele sábado quando você foi ao cinema ver "2001- Uma Odisséia no Espaço?" Ao sair da sessão, o brilho no seu olhar dizia tudo: “Que filme instigante!” E aquelas férias quando sua filha trouxe o quebra-cabeça de 500 peças? Quantas vezes durante o dia você ficou tentando encaixar só mais uma pecinha? E no final da tarde, quando olhou o relógio, notou que as horas haviam passado, mas você não tinha se dado conta de que a lua já estava no céu.

Essas “verdades” formam a nossa maneira de ser, porém isso não impede que possamos contestá-las, seja temporariamente ou para todo o sempre. Por exemplo, lembro-me da ocasião em que uma amiga me fez ver como meu guarda-roupa era de uma mesmice só. Tudo não passava de variações sobre um mesmo tema! Ainda por cima, noventa e cinco por cento das peças eram azuis! Custei a crer que a monotonia havia se instalado em meu armário.

Mudar é saudável, afinal, tudo muda: as estações, os anos, os meses, os dias... Nós mudamos! Por dentro e por fora. De fato, temos que aprender a ser flexíveis para lidar tanto com os bons quanto com os maus momentos. E isso não é nada mais nada menos do que o que se convencionou chamar de “amadurecimento”. Não há nada errado em ajustar ou trocar o percurso previamente traçado. Não é porque você foi uma criança tímida, reservada, e que não gostava de experimentar novos sabores que isso quer dizer que terá que passar o resto da existência, fugindo das festas ou só comendo bife com batata frita e arroz branco.

É preciso ousar para crescer. Quem não muda, acaba correndo o risco de ficar estagnado. Pois é... Sei de tudo isso, mas devo admitir que, pelo menos, para mim é difícil. Há alguns anos, também me disseram que tenho pouco jogo de cintura para enfrentar imprevistos. Não pude sequer retrucar porque a pessoa estava coberta de razão. Como tenho mania de planejar tudo, quando as coisas fogem do script, fico perdida.

Bem...a conclusão a que cheguei é que devemos ser pilotos cuidadosos por trás dos volantes das nossas vidas, mas de vez em quando, temos que dar umas guinadas para não ter que fazer o mesmo trajeto todo dia. De mais a mais, é sempre bom ver que embora adultos ainda ousamos questionar aquelas verdades absolutas que criamos sabe-se lá deus porquê.

Beth Rangel
Enviado por Beth Rangel em 18/04/2015
Reeditado em 20/04/2015
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