NOVELAS

Duas novelas têm chamado a atenção do público ultimamente, mas por motivos bem diversos. A das seis, pelas lindas paisagens mostradas no desenrolar de um enredo mais leve como pede o horário. A outra, a das nove, por ser polêmica.

A novela das nove é uma narrativa que apresenta corrupção, prostituição e infidelidade. Poucos personagens se salvam pela retidão de caráter e pela honestidade. Isso sem falar é claro, no fato de que duas grandes atrizes do teatro brasileiro estão fazendo um casal gay, o que está chocando as pessoas mais conservadoras. Dizem que justamente por causa da trama, há um boicote por parte de certos religiosos que têm orientado seus fiéis a não acompanhar os capítulos. Ao mesmo tempo outros espectadores, assim como eu, decidiram mudar de canal ou desligar a TV porque querem ver uma historieta mais amena nas horas de lazer. Já bastam os telejornais com tantas matérias sobre roubalheira nos altos escalões do governo, violência nos grandes centros urbanos, tragédias... Por tudo isso, fala-se que a novela vai ser abreviada porque a direção da emissora não pode fazer vista grossa à baixa audiência.

Por outro lado, há a interessante novela das seis. Talvez seu elenco não seja tão estelar quanto o da outra, mas nem por isso o grupo está fazendo feio. Pelo contrário, há uma sintonia perfeita entre todos. Outro item que tem contribuído para o sucesso da novela é a beleza das cenas externas. Logo no início da história, parte dos atores se dirigiu para El Calafate, na Patagônia Argentina. Foi lindo contemplar aqueles paredões de gelo azulado na imensidão da Antártida. Dá para ver o quanto somos infinitamente pequenos frente à natureza. Agora, o personagem principal - Miguel (Domingos Montagner) - encontra-se em Fernando de Noronha, e temos sido brindados com aquele mar cristalino, feito de tons que vão do verde turquesa ao azul profundo. As imagens são de tirar o fôlego.

A meu ver a grande diferença entre as duas obras de ficção são as mensagens contidas nos diálogos da novela das seis. Em vez de apenas falar sobre o dia a dia, alguns trechos nos fazem pensar. Na semana passada, por exemplo, o personagem de Isabelle Drummond - Júlia – descobriu que não é irmã de outros seis filhos de um doador de um banco de sêmen. Por um lado, Júlia ficou feliz por saber que não havia mais impedimento moral em assumir seu amor por Pedro (Jayme Matarazzo), já que eles não eram realmente irmãos. Por outro, ela sentiu-se arrasada, pois sua mãe mentira uma vez mais. Além disso, de uma hora para outra, Júlia desconhecia quem era seu pai, e havia perdido cinco irmãos de uma só tacada! Entretanto, ao conversar com Luís (Thiago Rodrigues) – seu “irmão” mais velho, uma pessoa madura e centrada - ele a fez entender que a verdade não iria destruir os vínculos afetivos que eles já haviam construído. Para todos eles, com exceção de Pedro, ela era “irmã” e ponto final.

Essa cena que poderia ter passado batida, me fez refletir. Quem são os verdadeiros pais? Os biológicos ou os que adotam e cuidam das crianças? Ou serão os dois? Ou cada caso é um caso? E quanto aos irmãos? Seriam irmãos só os indivíduos que têm laços consanguíneos? Ou poderíamos dizer que irmãos são aqueles que a vida nos presenteia? Aqueles seres maravilhosos que são legítimos amigos e parceiros como todos os irmãos deveriam ser? Agora, leitor, “Você Decide”.

Beth Rangel
Enviado por Beth Rangel em 16/04/2015
Reeditado em 16/04/2015
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