Sussurros do vento

O vento sussurra emoções prontas a envolver os corações humanos, enquanto estes cumprem seu ciclo de vida.

Para onde, o vento, levará tantos sentimentos?

Para os poetas? Talvez.

Assim....

Fugindo ao frio, do interior da casa, a velha senhora busca a varanda para aquecer seu coração enquanto aprecia esta abençoada manhã de sol morno, brisa leve, céu azul, canto de pássaros, aroma de flores. Em seu pensamento surgem os versos de Pessoa. “Sol nulo dos dias vãos, cheios de lida e de calma, aquece ao menos as mãos a quem não entras na alma”!

Nas mãos, ela traz um livro; presente de um amigo distante, mas que se faz presente em seu pensamento.

“Circulo Finito” um convite à boa leitura...

Mas como? No muro ao lado, dois canarinhos não param de cantar e se tornam mais dourados ante os raios de sol.

Melhor fechar o livro e apreciar a poesia que a natureza oferece.

Emoções chegam à alma através dos sentidos. Sensações que não precisam, nem devem, ser pensadas. Porque pensar é não sentir; diz o poeta.

As mãos da senhora acariciam o livro que traz ao colo. Pensa no amigo distante que o enviou: Como estará agora? Tão longe... Em uma metrópole poluída, repleta de violências e desafios! Saberá o amigo, de canarinhos dourados que voam livre? Do perfume de flores e cheiro de mato?

Mentalmente envia-lhe uma prece.

A vida pulsa ao redor; dentro do peito dançam sentimentos, quem sabe, trazidos pelo vento, prontos a compor o mundo particular de cada ser.

Dentro da casa o velho companheiro resiste, sem perceber a vida, e o vazio em seu interior.

O sussurro do vento parece entoar: Estou indo embora...

Mas... Ao contrário do que diz o livro: o circulo não é finito.

E o vento continua soprando...

Lisyt
Enviado por Lisyt em 11/04/2015
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