Uma Crônica de Despedida

Todos sabem com base na vivência pessoal ou na vivência da vida alheia ou simplesmente uma pessoa iluminada no auge da sua sabedoria haveria escrito e mostrado ao mundo que cada momento é único, essa é uma grande verdade da vida. Outra verdade é que existem momentos que sabemos que os momentos são únicos antes mesmo de acontecer, as circunstâncias dizem que como tal momentos nenhum outro haverá.

Os abraços ternos de uma despedida tomaram conta do marco final de quatro infinitos anos. É bem verdade que todo começo tem seu fim, assim como, ninguém começa ninguém começa sob a expectativa do fim. Dessa forma é chegado o Primeiro ano, a grande apresentação entre damas e cavalheiros. Os desconhecidos, confinados em um mesmo metro quadrado, se tornam conhecidos, colegas, amigos… Segundo ano chega, entre tapas e beijos as células procuram seu lugar para no Terceiro laços formar. Seriam trabalhos, conversas, discussões, simpatias e proximidades.

Revisão dos três anos não haveria até o Quarto ano, o último ano do infinito, o encontro com o cansaço e com o destino. Apertaram seus laços e juntaram-se aos seus, se seguraram no que era apoio e sumiram. SUMIRAM, aprenderam ao longo do infinito que é preciso caminhar com as próprias pernas, aprenderam a dar valor ao que realmente interessa, aprenderam que o que aprenderam nesses quatro anos muito mais do que a instituição lhes poderia ofertar.

A apresentação, O conhecimento, O reconhecimento e A firmação.

Então, voltando aos abraços carinhosos como quem diz muito obrigado sem usar palavras...

Nem todos se abraçaram, mas todos abraçaram alguém, e o sentimento nítido em cada rosto poderia facilmente ser gratidão, liberdade ou acabou. Uns acreditavam no fim, outros viram como mais um dia, outros preferiram não entender.

Costuraram-se em sorrisos, lágrimas, pulos e ansiedade. Todos se contagiavam com a energia emanada pelo fim da reta. A cada dificuldade um abraço e a cada superação um brinde. E nessa dança de grand finale todos voltam a si. Ninguém se esquecerá desse pequeno infinito, do paraíso e do inferno, nem da ânsia do começo e do fim.

Mais abraços e abraços, solidários e sinceros como se não tivessem diferenças ou atritos, como se estivessem aliviados o suficiente para esquecer tudo de ruim e a prioridade fosse brindar o fechar do ciclo. Agora não se vê mais rostos perdidos como os de outrora, agora há a lucidez de seguir em frente. No momento, cada um volta a sua casa, cada um volta à vida. A sua vida, a sua escolha, ao seu novo destino. E os rumos a tomarem são os mais diversos, distintos e incertos.

Os laços formados durarão o infinito, uns infinitos mais finitos do que outros, porém, ainda infinitos. E a certeza de momentos incertos tomarão conta do futuro dos donos dos braços que formaram os abraços da chamada 1842.

Gabriela Mylena
Enviado por Gabriela Mylena em 02/04/2015
Código do texto: T5192496
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