Eu

Quem dera eu estar no precipício, sinto que esse espirito está velho, e nem se quer hei de renová-lo.

Quem dera se eu soubesse que há algo errado entre o abismo e o eu daqui e o eu de lá.

Quem dera pudesse vir julgar esse meu juízo final.

E quem pode escrever meu pobre testamento? Mesmo que penses que o que deixo é uma lágrima, de uma tristeza infinita que borrei na maquiagem da vida, seu batom preto e maquiagem escura, sim eu borrei e fiz questão de borrar...

Pois agora vejo vida, com meu azul, preto,

Meu verde, preto,

Meu rosa, preto,

Tudo escuro, bem escuro,

e se eu rir...

É de medo,

Pois eu tenho medo de escuro,

Sim, tenho, não nego, mesmo por trás de todas essas 'adultices' falsas que vesti e ainda meu espírito velho me acalma.

Velho...

Eu sou um velho jovem,

Sou irmão mais velho dos meus pais, eu sei, eu sou, eu sinto.

Espirito que não se enquadra aos novos tempos, não se acha, não se vê, nem se permite, ele é frágil, e ele é forte, ele é indomável, cheio de si, mesmo sem nada, um espirito velho.

Espirito por trás de um corpo qualquer, de onde vem não se sabe, mas sabe que de tão velho, sentou-se naquele banco, daquele parque, daquele domingo, esperando um merecido (talvez) descanso.

Marcos Pagu
Enviado por Marcos Pagu em 31/03/2015
Código do texto: T5189442
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