CONTOS QUE A VIDA CONTA, MAS QUE NÃO SÃO DA MINHA CONTA OU SÃO?

Lá pelas bandas de Jacuti, beirando as margens do rio Cajaranga, "assucedeu" esta estória, segundo contou Vó Jurema Parmeno, numa daquelas noites de luar pitando cachimbo de fumo de corda na varanda.

Entre uma escarrada e outra, lançada por sobre a mureta de madeira de embaúba, que, milimetricamente iam cair sobre o lombo do cachorro sarnento, que se coçava e esperneava, Vó Jurema narrou o causo:

“A escola moderna queria ensinar os meninos e meninas e pessoas da comunidade escolar a costurar. Para isso, então, compraram máquinas de costura e várias peças de tecido. Panos de chitas que faziam babar as costureiras profissionais do bairro, que, em finais de semana, tentavam ensinar a cambada que, vez ou outra, frequentavam o recinto do saber. Algumas aulas foram ministradas e entre as “professoras de costura”, adivinhe, estava Vó Jurema.

Mas o projeto fracassou. A semente era boa, mas solo e lavrador não estavam coadunados.

Vó Jurema Parmeno, dona de um passado honesto e conhecedora da alma humana, não tão bem quanto Miss Marple, tempos depois, foi convidada para uma festa na chácara do Professor Ademir de Barros, lá pela bandas de Cajaranga, com quem havia iniciado amizade durante o projeto de costura, uma vez eu “seo” Ademir era o Diretor da escola naquela época.

Entre as comidas e bebidas à vontade, uma coisa despertou a curiosidade de Vó Jurema. Como costureira profissional e fuxiqueira de livre e espontânea vontade, sua atenção voltou-se para as capas de sofás existentes na sala, além das cortinas e toalhas de mesa. Para completar o cenário, a sogra do Professor Ademir de Barros, uma idosa corcunda, estava bem encapada numa lindo vestido de chita, que faria babar as costureiras profissionais do bairro.

Não foram as técnicas de costura nem o “modelito” da senhora que impressionaram Vó Jurema.

Por uma incrível coincidência, as capas de sofás e as cortinas eram feitas dos mesmos tecidos que haviam na escola de Jacuti, onde, misteriosamente, não mais se encontravam na unidade escolar”!

Como Vó Jurema conhece muito a alma humana e seus atalhos, ela concluiu que qualquer semelhança com a vida real não passava de mera coincidência!

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 30/03/2015
Código do texto: T5188568
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.