Depois do fim

Passamos tempo demais sentindo pena de nós mesmos.Naquele devaneio infindo do que poderia ter sido e não foi e nunca será e nem sequer houve oportunidade de sê-lo. Aquelas velhas expectativas frustradas que sequer estiveram no campo das possibilidades, a não ser em nossos sonhos surreais. Sonhos estes que criaram olhares, sorrisos, amores, até aromas de flores que nunca nos foram entregues, mas sempre foram esperadas...

O que vão pensar da confissão gratuita da falência de um sonho que de tão meu parecia ser de todos? O mundo parecia abraçar-me e tudo parecia perfeito, o amor tão poetizado parecia materializar-se em minha frente sustentado pelas idealizações tão presentes nos filmes de romance hollywoodianos e contos de fadas.

"É ele!" - Decretou meu coração já tão surrado, mas ainda firme nos princípios de uma positividade romântica. “Vai dar certo!”, dizia. E como uma pobre donzela em perigo, ameaçada pela solidão fui salva por um “príncipe”, nada encantado, sem título algum de nobreza, sem cavalo branco, que tão pouco me poupara de algum perigo, antes parecia trazê-lo na garupa de um alazão negro que ninguém vira.

Com uma venda de ilusões caminhei junto a ti, teus pés calçados, enquanto os meus suportavam as pedras e os espinhos do caminho. Feria-me, mas o que vestia teu pé não servia no meu. Senti cada grão de areia da estrada, tão longa tão tortuosa. Poucas pausas. Andamos rápido demais para chegar a lugar algum. Agora, cá estou sozinha na estrada, pés em carne viva. Sem poder continuar, fiquei para trás.

Esperava que pudesse me carregar, porém você seguiu o caminho, deixando-me apenas um olhar de falsa compaixão. Fico a olhar teus rastros, que pouco a pouco são apagados, o vento se encarrega de não me deixar pistas para seguir-te. Aquela não é a minha direção, nunca foi, mas quem escuta o vento? Agora vejo que ele sempre sussurrou a meu ouvido que não estava na estrada certa.

Peço desculpas ao vento e a mim mesma, cuidarei das feridas e seguirei a direção da brisa, após cicatrizar, estarei mais forte.

Fabiana dos Santos
Enviado por Fabiana dos Santos em 22/03/2015
Reeditado em 22/03/2015
Código do texto: T5179639
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.