A HORA DO "ANGELUS"

O sol já se esconde. Nuvens doiradas lá embaixo, no horizonte anunciam que o dia, vai lentamente em despedida... o calor da tarde vai ficando mais ameno. Uma garota com mangueira nas mãos, de canteiro em canteiro vai regando o pequeno e, bem cuidado jardim daquela casa, um antigo "Bangalô" e, vai distribuindo água entre, Risos de Maria, Cravos, Margaridas, Verbernas, Violetas e Rosas de muitas cores e vários matizes.

Ali na calçada, que nasce nos degraus do terraço e morre ao pé do portão de madeira, separando a mureta que rodeia o jardim e, naquela longa e estreita calçada, entre as flores do jardim , uma cadeira de balanço, vem a minha memoria. Nela, com o terço nas mãos enrugadas pelo tempo de trabalho, cuidado e carinho com os seus, um Terço, entre aquelas generosas mãos se agasalha.

Aquela menina, que minutos antes, aguava as flores do Jardim, procura agalho e aconchego no colo daquele mulher de olhos esverdeados, lábios finos, boca bem talhada e cabelos grisalhos, presos no alto da nuca... seu vestido cumprido, deixa as belas estampas florais realçar a sua estatura... e a menina franzina de feições delicadas, no seu colo agasalhada e, pelos seus braços rodeadas, aquela, mulher que aparenta ter, entre 60 ou 70 anos. é a sua avó, Maria, que , uma vez por ano, deixa o velho sertão anda leguas e leguas em estrada de barro e vem, ter a casa do seu filho caçula, pai daquela menina de olhos e cabelos castanhos, escorridos, delicadamente. em tranças transformados.

E, ali a menina e sua avó, esperam que, os sinos da Igreja São José, inicie, as " Badaladas da Ave Maria" e pelo alto-falante, solitário companheiro do Sino da Torre da Igreja, a voz do Frade Capuchinho, o já velho Frei Martinho, inicie pela Anunciação do Anjo, a Hora da Ave Maria.

E avó e neta, ali naquele fim de tarde, ungidas pelas bençãos da Mãe de Deus, unem seus dois corações... E, a diferença, de idade entre vó e neta, se dissolve no carinho e amor que as unia. E, as lembanças hoje, aqui revividas na memoria, permanece atraves de anos e anos, no encanto da ternura, no conforto do amor eternizado na saudade que fica no caração da neta, hoje, também, avó...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 17/03/2015
Reeditado em 15/09/2016
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