UMA MULHER E A LAGOA DA PERDIÇÃO

A sua cidade, bem longe das praias estava. A tranquilidade dos seus mil e duzentos metros, acima do nivel do mar, respira-se, um ar puro e clima ameno. sem o barulho e trafego das cidades grandes, a Igreja Matriz, a Praça com seus jardins floridos e Palmeiras Imperiais.O seu antigo e belo Coreto, o velho calçamento vai pelas poucas ruas se estendo, até as encostas do belo Pé de Serra, onde se achava ali edificado. um centenário Predio do Colegio dos Frades Capuchinhos, onde jovens e crianças, recebiam as luzes do conhecimento. Era, assim, a sua cidade, antes que o vendaval do amor, nela fizesse morada, no coração e na alma da jovem habitante, de um dos belos e antigos casarões que se perfilam por suas ruas estreitas. E, assim, esta cidade, parecia, até, uma cidade encantada, sem tristezas, sem mágoas, e de portas abertas á felicidade.

Mas, certo dia, o vento impetuoso do amor, em pouco tempo, cobriu aquele mundo de dor, e toda a cidade, parece que adormecia sob as cinzas do abandono. E, em meio a tudo isto, ali estava a Lagoa da Perdição, que com suas águas tranquilas e serenas, e antigos bancos de madeira a sua volta, ao cair da tarde e, em noites de luar, poetas, e cantores, quebravam a monotonia e o o silencio daquelas ruas.

Hoje, depois décadas, passando por este aprazível, recanto meus olhos encontram, uma mulher que anda sem pressa, como quem quer ser alcançada. A mim, parece exausta, como se levasse um pesado fardo... e nas suas mãos cansadas, parece até que acolhe, as dores do mundo e para nosso espanto, ao ve-la, assim sozinha a passar pelas margens da Lagoa da Perdição, nas suas águas vê a sua imagem refletida, lhe trazendo, novo alento a sua vida, mergulha todos os seus sonhos, e o seu amor, que no tempo se perdeu nas aguas encantadas da Lagoa da Perdição e, no fundo de suas aguas limpidas, um longo e refrescante banho de saudade, renovando, as esperanças que lhe prolongam a vida.