Foi assim...

Eu deveria parar de ficar imaginando. Meus pensamentos traem descaradamente minha sensatez. Ficar horas pensando como seria se eu não tivesse dito adeus tão prematuramente ou se eu tivesse sentido menos quando nos encontramos. Eu sei que você estava diferente, mas provavelmente eu também estava. Já havia algum tempo desde a última vez que tu me ligou de madrugada parar contar, meio bêbado, que tinha caído de moto e que me queria por perto pra cuidar de ti, e eu havia dito, depois de me certificar que tu estava bem, que tu era um irresponsável por ter dirigido bêbado e que então não me incomodasse agora. Eu tava preocupada, mas tu sempre me levou de zero a cem, e a irritação pelo teu descuido era alta. Como eu revivo este momento, tantas vezes, recriando minhas palavras, te dizendo que realmente tu era um babaca irresponsável, mas ainda assim, um babaca do qual eu iria cuidar.

Mesmo depois de tanto tempo, e mesmo tu não sendo mais o mesmo que fazia eu suspirar apenas com seu sorriso bobo, eu sabia, ainda você, e eu, e meus medos, e minhas inseguranças, e meus desejos, e minhas negações. Hoje, coleciono momentos para recriar, momentos que eu deixei passar e agora me esmaga a falta.

Talvez, eu nunca te conte isso, provavelmente eu nem possa te ligar de novo, mas ainda serão meus estes momentos, sejam lá como foram.

Alice Fialho
Enviado por Alice Fialho em 22/02/2015
Código do texto: T5146628
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.