Blocos de Frevo, Caboclinhos e Maracatus nos Carnavais

Blocos de Frevo, Caboclinhos e Maracatus nos Carnavais

Este ano vibrei cantando e dançando ao som das letras: “Ó, eu”, “Barco Virado II”, Blocos de Frevo, Caboclinhos & Maracatus.

O maracatu tem batida marcante, com raízes na cultura africana. Segundo a história da escravidão, Recife – Editora Massangana, 1988: “(...) Com a abolição da escravatura negra, em 1888, e a proclamação da República, em 1889, a figura do Rei do Congo – Muchino Riá Congo – perdeu a sua razão de ser. Os cortejos dos reis negros já presentes no carnaval, por sua vez, passaram a ter como chefe temporal e espiritual os babalorixás dos terreiros do culto nagô e vieram para as ruas do Recife, não somente nos dias de festas religiosas em honra de Nossa Senhora do Rosário, mas também nas festas carnavalescas. Após a abolição, porém, os antigos cortejos das nações africanas, que continuaram a se fazer presentes no carnaval do Recife, então sob a chefia dos seus babalorixás, passaram a ser chamados de maracatus, particularmente quando a notícia tinha conotação policial...”

Sempre gostei de presenciar os maracatus, sobretudo os dos Morros de Casa Amarela. O primeiro deles, criado pelo pessoal do Morro Nossa Senhora da Conceição, foi o “Sol Nascente”, em tom de baque virado. Alguns moradores naquela época, ignorantes, não aceitaram e resolveram acabar com pedradas o batuque e, para isso, ainda contaram com apoio da polícia (sic). Só nos anos 30, Biu do Maracatu fundou o Águia de Ouro, conseguindo licença na então Secretaria de Segurança Pública para o seu funcionamento. Pois antes, era proibido, e era considerado uma afronta passar na frente do Comissariado de Polícia.

Enfim, termino esta crônica com as letras do “Maracatu Barco Virado”:

Olha que batuque, minha gente,

eu quero mostrar,

é o Barco Virado,

pra todo mundo dançar.

Dança preto e dança branco,

no Maracatu da Mata,

já dançavam os escravos,

sob o som dos atabaques.

O Maracatu no Paço,

ao paço pela tarde,

os reis vão assistir,

o rítmico do passo...

a alma negra está em nós,

o espírito da liberdade,

o batuque no terreiro,

este samba é de nós.

Dança, dança, minha gente,

hoje não há mais escravos,

e vamos sambar,

eu quero é sambar,

eu quero é sambar...

Nota – “Maracatu Barco Virado II”, extraído do livro: “Fiteiro Cultural”, pp. 223-4, Ed. 2011.

Blog Fiteiro Cultural – http://josecalvino.blogspot.com/

José Calvino
Enviado por José Calvino em 20/02/2015
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