CARTA ABERTA (em forma de crônica) AO GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ (COM A DEVIDA LICENÇA DE MEUS PARES)

Hoje é domingo e desde a infância eu ouvia: domingo pede cachimbo. Sim, o domingo pede mansidão, pede luz de sol adentrando a janela, pede roupa solta, à vontade dentro de casa, pede alegria de familiares chegando e saindo por nossas portas. E pede flor, pede comida gostosa, café da manhã mais tarde, leitura tranquila do jornal, da revista, uma conversa mais demorada com o dono da revistaria, um passeio a pé, rápido, nas cercanias, a música vibrando docemente na sala, enfim, pede gostosura.

Entretanto, há determinados fatos que acabam, não só com a alegria do domingo, mas com a paz, com a esperança, com a credibilidade investida, ainda que capengamente, nos homens que deveriam responder pela população, defendê-la das sandices que percorrem o mundo de cabo a rabo.

O Paraná, abruptamente, deu uma topada, daquelas que arrancam mais sangue que trombada de dedão numa infalível pedra de Drummond. O sangue brota-nos do mais fundo de nós, da navalhada traiçoeira de um Governo Desgovernado que, cambado, deixa-nos escabreados e indignados.

Como poderia alguém, em sã consciência, aceitar os descalabros que o Governador atual do Estado do Paraná impinge sobre trabalhadores, acenando-lhes com derrocada total, ruína e danos irreversíveis?

Senhor Governador, Senhores Políticos, representantes do povo que os colocaram no poder por intermédio de cada sufrágio depositado, esperançosamente, nas urnas deste Estado, cabe-me a esta altura a indignação e a pergunta indispensável no momento: vocês perderam a capacidade de raciocinar? Acham mesmo que bem gerir um povo é ditar regras que prejudiquem a maioria que, aliás, é trabalhadora, em prol dessa minoria insana que toma as rédeas do poder?

Não, Senhor Governador, não estou aqui pregando uma retórica vazia do tempo de Antanho. Estou falando de algo concreto que, repentina e avassaladoramente, invade nossas casas, nossos lares e golpeia-nos pelas costas.

Os digníssimos senhores precisam, imediatamente, de frequentar um bom curso de Administração e Gerenciamento, pois, se deixaram que o Estado afundasse num lamaçal de dívidas, resolvam seus problemas financeiros de forma honesta, assumam que erraram e saneiem os próprios erros, administrando as consequências de seus atos de forma honesta e lúcida, como honestos e lúcidos são os trabalhadores que se levantam todas as manhãs, dirigem-se aos respectivos trabalhos e colocam o serviço público em andamento.

Aristóteles sentenciou que o homem é um animal político, todavia o poder não é um ser. Sejam sensatos, portanto, pois o poder é um conjunto de relações pelas quais os indivíduos interferem nas atividades de outros indivíduos. Com as atitudes precocemente apregoadas pelo atual governo, em início de sua segunda gestão, o que vemos são as mazelas dos efeitos de ingerências ecoando sobre toda a população paranaense e não apenas sobre o funcionalismo público.

Tomás de Aquino mostrou ser o Estado um ordenador das necessidades humanas, bem de acordo com o que já pregava Aristóteles. Volto à questão e pergunto, tantos anos se passaram após os pensadores citados, e os responsáveis legais e representantes do povo ainda não aprenderam a lidar com tais premissas? Ora, façam-me o favor!

Para que o paranaense, em geral, não se vire contra professores e outros trabalhadores públicos, Senhor Governador, mostre-lhes abertamente as decisões monetárias em benefício dos representantes do governo e seus asseclas e exponha, de maneira honesta, o que pretende tirar de quem trabalha de sol a sol, para garantir o sustento próprio e da família.

Não, este domingo não me pede cachimbo, não me dá paz e não permite que o sol entre pela janela. O domingo é turvo, triste e manchado pela opacidade bruta do Governo do meu Estado.

Peço licença a meus colegas de profissão e a todos que compõem o grande quadro funcional do Paraná, para aqui expor meu repúdio e minha tristeza frente à desumanidade que se nos apresenta no momento.

Em tempo: sou professora aposentada pelo Estado e já não suporto assistir passivamente a esses absurdos governamentais que prejudicaram continuamente minha carreira profissional e a de meus colegas e continuam prejudicando.

Dalva Molina Mansano.

12:00

08.02.2015

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 08/02/2015
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