Uma estória...uma saudade...

Uma estória...uma saudade...

Hoje amanheceu com um frescor de saudade, com céu azul e temperatura agradável. Lembrei-me do meu tempo de criança, quando um simples e sábio homem, chamado Antonio, costumava me contar estórias de Trancoso, usando um certo tom jocoso. Fazia isto de forma magistral; não ligava para o tempo cronológico e abusava do psicológico; delineava o cenário, burilava o enredo, descrevia a ação, criava as personagens e a tudo dava cor como se fora um pintor.

Hoje, do baú da memória tirei uma dessas estórias chamada “A Flor”

Havia num lugar distante uma moça muito rica chamada Jade, que tinha um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego de alta executiva, enfim, uma família unida.

Todavia, Jade não conseguia conciliar trabalho e família. As atividades profissionais e os afazeres lhe ocupavam todo o tempo e sua vida estava deficitária em algumas áreas. Se o trabalho lhe exigia mais, ela tirava dos filhos, se surgiam mais problemas, deixava de lado o marido e, portanto, não cuidava de todos que amava.

Um certo dia, seu pai, um homem sábio, lhe deu de presente uma flor muito cara e raríssima, pois só havia um exemplar em todo mundo e disse-lhe: - Filha, esta flor lhe ajudará mais do que você imagina. Você terá que regá-la e podá-la de vez em quando. Sempre que puder, converse um pouquinho com ela, que lhe dará em troca esse perfume inigualável e lindas flores.

Jade ficou emocionada com o presente, já que a flor era de uma beleza sem igual. Entretanto, o tempo foi passando e, na ciranda em que vivia, Jade não conseguia nenhum tempo para cuidar da flor. Quando chegava em casa, admirava a flor que estava sempre lá linda e perfumada, não mostrando sinal de fraqueza ou morte.

Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Sua raiz estava ressecada, suas flores caídas e suas folhas amarelas. Jade chorou bastante e contou a seu pai o que tinha acontecido. Seu pai então respondeu: - Eu já imaginava que isso aconteceria, e não posso te dar outra flor, porque não existe outra igual a essa. Ela era única, assim como seus filhos, seu marido e sua família. Todos são dádivas que você recebe de graça, mas precisa aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois assim como a flor, os sentimentos também morrem. Cuide das pessoas que você ama!

Continuo regando e cuidando de minhas flores com carinho, embora algumas delas já tenham partido para outros jardins, aos quais não tenho acesso. Contudo, deixaram saudades e continuarão a florir esse meu universo.

O Sr. Antonio não era poeta nem escritor, mas qual filha não se apaixonaria pelo pai, ainda mais quando ele era tão encantador?

Mado

Mado
Enviado por Mado em 05/02/2015
Reeditado em 05/02/2015
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