Redes Sociais e o modismo dos bastões de selfies. O que fizeram com nossa privacidade???

Gosto e aprecio ser uma filósofa da vida.

Observo pessoas, lugares, condutas, descontroles, rompantes, sobriedade, nervos à flor da pele, esquisitices nossas do dia a dia e cada instante me surpreendo com as várias facetas do ser humano, por vezes totalmente desumano, quiçá, até inconsequente, seguindo sua trajetória existencial.

Assim, tenho observado o modismo dos selfies. Cada pose, um close! Vida em evidência e nada de privacidade.

As redes sociais estão aí em plena ebulição exibindo pessoas em suas muitas faces, em seus mais variados closes e zero de privacidade.

Mantenho uma página em rede social apenas para observar condutas, o que as pessoas estão "curtindo", as caras e bocas exibidas, as ostentações à flor da pele, o desabafo e indiretas lançadas em poucas ou muitas linhas, etc e tal.

Desativo minha conta com muita constância, afinal, nem eu concordo com a manutenção dela, mas preciso, pois meu lado curioso de observação de condutas, me impõe referida ativação relâmpago de quando em quando.

Um utensílio que roubou muitos sorrisos irônicos e repressores meus, foram os inovadores bastões de selfies. Sim, agora inventaram um tal de bastão que o usuário encaixa o celular, eleva-o e manda ver nos clicks mais variados e inusitados possíveis.

Nada contra a invenção. Há criação de tudo quanto é jeito. Mas o idealizador do bastão de selfies deve estar com os bolsos bem recheados, pois foi uma ideia e tanto para quem gosta de exibição.

É que antes dos bastões, quando se almejava uma foto mais requintada, recorria-se ao colega, ao garçom, ao desconhecido da mesa ao lado, ao mestre de cerimônia, ao porteiro do prédio, ao transeunte que fosse passando naquela ocasião, etc. Pense numa chatice: alguém que você nunca viu, jamais travou um diálogo, do nada, lhes parar para registrar um momento.

Nunca fui convidada para o feito, mas, caso fosse abordada para efetuar o click, chata de carteirinha que sou, com delicadeza, certamente me esquivaria, pois encenar papel de "paparazzi" de terceira categoria está bem distante dos meus atributos e conceitos da personalidade que detenho.

Lamento informar: Estou fora! Portanto, nem contem comigo para pagar este mico!

Aqui em Recife estamos em férias, a cidade lotada de gente bonita, corada, feliz, sorridente, gastando muito e principalmente comendo! Sim, tenho percebido os restaurantes e lanchonetes faturando de forma desordenada.

O povo, num cômputo geral está comendo mais. Não é mera especulação, mas acirrada observação e constatação.

Doces, guloseimas e refrigerantes estão em alta.

Sucos tropicais e da terrinha amargam no freezer, vez que as vendas não são lá muito atrativas e polpas de frutas rendem demais...

Ademais, o que me provoca quase um acesso de fúria, além de entortar pescoço e boca quase de maneira mecânica, é observar as pessoas fazendo selfies de comidas das mais esquisitas, caras ou apetitosas possíveis.

Penso cá com meus botões: Agora danou-se; querem até mostrar o que estão comendo. Selfies de comidas.

Irônica e irreverente que sou, estes dias postei uma foto num restaurante bem simples, comendo um galeto (com as mãos) e batatas fritas. Ali eu dizia: Galeto com fritas. Oba, livrei do cuscus diário!

Para quem é desconhecedor, cuscus é um prato regional da culinária pernambucana, e típico, geralmente, de pessoas bem simples como eu. É que jamais compartilharam (pelo menos nunca vi) fotos do pratinho tão gostoso e genuinamente pernambucano nos selfies que observo.

Contrariando a multidão, sorrio e remeto um post irreverente, curto sozinha, dou minhas gargalhadas quase incontroláveis e prossigo.

Reflexiva, no final do dia ponho-me a pensar: Onde foi que arquivaram nossa privacidade? Porque permitimos tamanha invasão? O que ganhamos com tanta tecnologia?

Assim, várias respostas me chegam à mente, dentre elas: Observe condutas, técnicas de privacidade escancarada, mas não exiba a sua, e, se exibir, blefe, ironize e vá em frente.

A assim, segue-se a vida!

Fátima Burégio
Enviado por Fátima Burégio em 28/01/2015
Código do texto: T5116673
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