ERA UMA VEZ, UM EX- AMOR

Naquela manhã de dezembro, logo cedinho, antes que automoveis, onibus e pessoas, tomassem conta das ruas, sai de casa, e deslizando os pneus do carro pelo asfalto, atravesso a cidade. Chego, sem pressa, a Lagoa do Parque Solon de Lucena, estaciono, ali por perto das Lojas Americanas. Ruas, ainda vazias, um bom e agradável silencio, realça a beleza daquele recanto, engalanado pelo florir dos Ipês Amarelos.

E meus pés, estão ali, bem junto de mim, obedientemente, me conduzindo, ao antigo "Ponto de Cem Reis". E vou subindo, passo na calçada da Igreja das Merces, ganho a antiga esquina do "Edificio das Nações Unidas", atravesso, quebrando a direita, e pela calçada do velho "Paraiba Palace Hotel", chego a " Duque de Caxias", e sem sequer, me aperceber, parece que acordo, já li, bem na esquina da Assembleia Legislativa, e o Predio da sempre centenaria Faculdade de Direito, de onde sai, em 1970 e, atravesso a rua, sento nos degraus da porta da Faculdade... E deixo-me, ficar ali por alguns minutos. Olho o relógio, 6,35 horas daquela manha, pelo sol iluminada.

Ali estou, na mesma Praça, distraída e despreocupada, olhando tudo, assim como quem não visse nada...E, de repente, sou despertada, por alguns grupos de estudantes, que entre brincadeiras e algazarras, iam chegando, ali, também na Praça João Pessoa.

E, como que, por encanto, meus olhos deram de cara contigo, ali mesmo, naquele belo e antigo recanto... sai andando, quase sem querer, estávamos, frente a frente. Instintivamente, ( tenho dessa coisas), percebi, que andávamos, o mesmo passo, naquele encontro, da tua e da minha vida, depois de muitos e muitos anos...coincidência ou não, estamos aqui..entre as Palmeiras Imperiais, alguns canteiros e poucas flores...

De repente, sem percebermos, estamos trocando, figurinhas de lembranças, aqui, envolvidos pela Sindrome do Passado... que, para mim, é como se fosse ontem... Agora, a mim parece que estamos, naquele fim tarde, quando o sol daria lentamente espaço para o brilho das estrelas, e assim, em uma plena manhã de dezembro, depois de quase quinze anos, estamos nós, e a vida, nos pega, no meio da nossa antiga Praça e, depois de um longo e terno abraço, nos pegamos de mãos dadas...