Gotas na janela

E de repente começa a chover.

Ela maravilhada com acontecimento, até então escasso, fica a observar as gotas batendo na janela de vidro com vigor e escorrendo com ligeira calma, e é carregada para seus pensamentos que relembram as pessoas que já conheceu, os lugares que já esteve, as coisas que já fez.

"Quem me fez bem?", "Quem ainda está caminhando comigo?", "Dos que já passaram pela minha estrada, quem deixou saudade?", ela se pergunta.

E ao tentar responder ela se vê sozinha, tendo voltado ao mesmo lugar de onde partiu, e tentando superar muito do que fez.

E pelo reflexo embaçado na janela pode se ver o fantasma da frustração espreitar pela porta do quarto, querendo fazer companhia.

"Estou sozinha, mas sou sozinha?", agora essa questão ecoa em sua mente.

Mas aí ela lembra do quanto amou, riu, dançou, falou e ouviu.

O quanto andou e parou. Dos sons que fez e do silêncio também.

Lembrou o quanto acertou, correu, caiu feio mas levantou e começou de novo.

Tomou consciência do quanto cresceu, aprendeu e conheceu. Ela que com tanto tempo, lugares, palavras e rostos e erros (por que não?) pela frente, se virou se despediu da frustração que tentava se acomodar, trancou a porta, e se sentiu bem consigo mesma.