Pauta de escritor

Sempre gostei de música, mas nunca levei jeito para a coisa. A única coisa que posso me gabar é de ter bom gosto musical mas todos defendem esta mesma tese e se destacar neste campo fica difícil.

Depois fui entender o porque de minha inaptidão musical, o campo onde semeei a minha árvore se chama Literatura, um lugar onde só pude por os olhos quando os tirei dos binóculos por onde espiava o bosque chamado Música.

A esta hora eu devo ter perdido todo meu público que se diz Neo-simbolista... tanto faz, eles bem sabem que a "música" que eles fazem empalidecem se comparados com a coisa de verdade.

Um caso basta para que se fique provado a veracidade daquilo que conto: a quantia de coisas que um músico e que um escritor precisa para a completa exposição de suas ideias são inversamente proporcionais. Para isso usarei a comparação de dois casos extremos: um baterista e qualquer escritor bem estabelecido.

O baterista precisa de muitas coisas: um prato (onde, estranhamente, não se põe comida), um bumbo, uma caixa... já o escritor precisa de poucas coisas para relembrar sua literatura, na verdade, quanto menos coisas melhor.

Converse com um baterista e terá, no fim de sua conversa, tudo o que conversou explicado nos mínimos detalhes. A conversa com um escritor, ao contrário, traz mais dúvidas que respostas (inclusive acerca de si mesmo).

Escrevo essas coisas para que não copiemos o estilo de vida equivocado de tentar conciliar esses dois campos do conhecimento, tendo em vista que debaixo deles há duas placas tectônicas inconciliáveis.

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 04/01/2015
Código do texto: T5090916
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