Empregada

Depois de alguns anos casado, se separou. Não houve filhos de onde se extrair qualquer drama. Depois de alguns anos divorciado, sem esposa que limpasse a casa e sem ninguém que cuidasse do local, desistiu da bagunça...contratou uma empregada.

Acontece que este homem em questão era antropólogo, e poucas pessoas no mundo conseguiriam distinguir naquela casa o que era lixo e o que era objeto do mais augusto estudo.

Talvez o parágrafo acima tenha ofendido a parte do meu público que é antropo... peraí, a quem estou querendo enganar. Não há gente deste naipe em meu público, só me lê gente de povo se isso.

Enfim, após várias tentativas, achou uma empregada boa, não digo ideal (porque no caso de um homem solteiro ser uma empregada ideal requer mais do que limpeza) porque o ideal não exite entre os humanos, mas boa.

Explicou a fio (a longo fio) o que deveria estar limpo e aquilo que nem deveria se cogitar em tocar. Percebeu, naquela mesma hora, que estava atrasado para um congresso onde monologaria. Quase perdera a hora (não era dos mais atentos). Disse simplesmente "é isso, qualquer dúvida me liga"..e rezou o caminho todo para dar tudo certo.

Quase não conseguiu se focar em sua palestra pensando se foi mesmo uma boa ideia contratar alguém. Terminou tudo que tinha de fazer por lá e voou para casa.

Quando voltou...viu tudo em ordem! Mais do que isso, percebeu que a mesa preta estava limpa...e que ela era, na verdade, vermelha. Percebeu que a empregada já não estava mais lá e agradeceu até por isso. Até que chegou na porta do seu quarto.

Lá estava um bilhete escrito:

- Caro Senhor, eu já estou em casa. Já limpei tudo e joguei o lixo fora, inclusive os dentes podres de um tal Homo sei lá o que, que estava na sala...