Crônica das memórias

Hoje revisitei meu baú de memórias. Como todo baú existia lá no fundo, coisas boas, alegres e outras nem tanto. Não há quem nunca tenha feita uma visita dessas, creio até que as minhas são mais raras e menos assíduas que as das outras pessoas. Ao lado esquerdo, no canto superior, havia um cartão muito antigo mas impressiona o quão bem escrito e atual e como ainda seu efeito é sempre mais surpreendente que o último, é como se eu olhasse pela primeira vez toda vez que sinto seu papel colorido em vermelho, o brilho de cada palavra de afeto, é como se realmente a pessoa tivesse escrito aquilo hoje! Agora a pouco talvez...

Ao lado direito, no canto inferior, revi minhas fotos antigas, nelas percebi o quanto mudei fisicamente e psicologicamente, mas também percebi que tudo a minha volta mudou, inclusive as pessoas, os lugares e os afetos. Mudara o vocabulário, mudaram nossas roupas, mudaram nossos nomes, mudaram nossa leitura do mundo e mudaram nosso corpo. A unidade de sentido antes tomada como simples influência juvenil e talvez uma empolgação da fase hoje é vista como um “comportamento que favorece os EUA e sua cultura de dominação psicológica dos jovens através da música.” Ufa! Ai deu trabalho hein?? Mas voltando as memórias, e dentro do passado unido ao presente pude perceber que a forma mudou, a recepção externa mudou, mas não me sinto tão completamente mudada, muitas coisas eu faria novamente e outras nem tanto. Sinto que o motivo dessa reflexão é um tanto exagerada e talvez até desnecessária, mas o motivo que me levou a ela é simples: começo uma nova fase, de muitas que virão. Ainda sinto um vento soprar quando leio o cartão, mas sei que ele não trará de volta quem o escreveu, ainda sinto o calor do momento das fotos que tirei sorrindo e com sono, mas tenho plena certeza de que ali ficou e não posso retornar a elas. Gosto de ter vivido tudo isso e talvez a inquietação que sinto hoje é por causa de um passado maravilhoso, mesmo com todos tropeços humanos possíveis, mas um passado que foi necessário. Aprendi, amei, chorei, e é piegas escrever a essa hora da noite sobre coisas tão fúteis. Tive vontade de homenagear minhas memórias, e com toda certeza esse baú terá ainda muito espaço para colocar as de agora que será rememoradas no futuro.

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Andressa Takao
Enviado por Andressa Takao em 18/12/2014
Código do texto: T5073280
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