Defecando Diamantes.

Ouro no pescoço, nos pulsos e nos dentes...

Bom pai de família, camionete das mais potentes, carros na garagem, roupagem lídima e escorreita, um dito administrador dos mais eficazes, três famílias, uma aqui, outra ali e mais uma acolá... Mas que ninguém precisa saber, cá entre nós...

Tudo para disfarçar!

Presenteia a mulher, a dita original, com viagens a Paris, a fim de realizar seus anseios, vai à Disney, à Londres, à Terra Santa, matricula os filhos nas melhores faculdades, nos melhores cargos angariados junto aos deputados, seus amigos de champagne e farinha!

Ostenta seu poderio aquisitivo e vai à missa todos os domingos agradecer a Deus com a cabeça erguida nas coxas e nos peitos daquela boazuda do outro lado da bancada, deposita um dízimo polpudo e se regozija, liberto de todos os seus pecados (pode pecar mais, pensa... Depois e só se confessar de novo...)

Sorri e a todos acena, abraça, dá um beijo no pescoço e confidencia ser o melhor amigo de todos.

À noite, após as refeições, assenta sua poupança protuberante no vaso sanitário de marfim, libera gases perfumados e refinados, os mais caros e importados, defeca pedras de diamante e se limpa com papéis higiênicos aromatizados e elaborados com o mais macio papel extraído da melhor madeira canadense.

E de amantes e diamantes é um bom cidadão! Não vamos negar! Contribui com a Nação depositando seus impostos criteriosamente...

Amigo do padre, do prefeito, do senador recém eleito, filho de Deus, recosta a cabeça no travesseiro e sonha conhecer o Tony Ramos e convidá-lo para um jantar à base de caviar seguido de uma noite de amor (não sabe dizer, tem vergonha, mas sente fetiche pelo Tony Ramos).

É um homem bom e puro, pensa..., mas às vezes o pensamento engana..., e um tormento terrível lhe acomete. Mas que besteira!, pensa, 'o dinheiro compra até pensamento... Cresceu na vida! Ele pode! ...', e no país do futebol e carnaval, meu amigo, prevalece o velho ditado: quem pode pode, pode; quem não pode se sacode!