QUEM MERECE SENTAR NO TRONO DE FERRO?

O que me chama atenção na Série Guerra dos Tronos é que nenhum dos aspirantes a rei tem qualidades que os fazem mais ou menos merecedores de se sentar no trono de Westeros, esse maniqueísmo já se fazia necessário em todas as histórias atuais e retrata algo real, de que todos temos um pouco de anjo e demonio e agimos na maioria das vezes movidos pelo mais puro egoísmo e autopreservação.

Claro que tenho o meu personagem favorito para ocupar o trono de ferro, mas essa simpatia não se deve às qualidades morais da personagem e sim identificação pessoal, assim como na política atual, cada um tem o seu interesse no poder e nessa corrida algumas alianças são feitas, outras são quebradas e decisões são tomadas e com elas suas consequências, o que fica evidenciado logo na primeira temporada quando Eddard Stark resolveu agir com extrema honra e senso de justiça, sem se adaptar ao ambiente em que estava e isso lhe custou a cabeça, isso me causou a seguinte indagação: é possível se adaptar ao meio em que vivemos, jogando de acordo com as regras deste sem abrir mão de valores que são os pilares de nossa formação intelecto/moral ? O exemplo de Stark ensina que até podemos, porém isso sempre trás consequencias, e o preço da autenticidade geralmente é alto, exemplos pela história real afora não faltam, cito apenas o de Jesus Cristo, para ficar no mais emblemático.

Governantes podem ser cruéis ou burros e quando são ambas as coisas o resultado pode ser desastroso Joffrey Baratheon atual rei é um belo exemplo disso, pois pensa ser o detentor real do poder, porém é apenas uma marionete nas mãos da mãe e do avô e a coisa mais grave que existe em uma marionete é quando ela pensa que não é movida pelas cordas, como é o caso do jovem rei, que é incapaz de conhecer profundamente quem o cerca crueldade garante apenas um temor de vida curta, , ainda não sei o destino dele, porém não deverá ir longe na série, pois lhe falta astúcia, uma característica que sobra em Rob Stark, o Rei do Norte que pretende vingar seu pai, Eddard Stark, não está claro se efetivamente quer o Trono de Ferro, ou se simplesmente quer vingança, na minha opinião, ele quer as duas coisas e para isso firmou uma aliança com um Lorde do norte para poder ter acesso a uma passagem estratégica para seu exército, e em troca prometeu se casar com umas das filhas dele, mas se apaixonou por uma outra mulher e quebrou o pacto; Um governante não pode jamais voltar atrás em sua palavra, em uma guerra pelo poder alianças são feitas para serem cumpridas, não cumprindo-as a confiança é minada e o líder passa a ser contestado, esse foi o maior erro de Rob, e certamente não irá vencer, em minha opinião perdeu a guerra quando se casou.

Se emoções não cabem em uma Guerra, muito menos superstições, como é o caso de Stannis Baratheon, que confia cegamente em uma profetisa para que possa ganhar o Trono, em minha opinião seria o mais preparado dada a sua inteligência militar, experiência e maturidade, não estou dizendo aqui que seja comprometido com o povo que irá governar, pois nenhum deles leva isso em consideração, Jofrey talvez nem quisesse o poder, Rob quer vingança e o trono de brinde e stannis acha que o poder lhe pertence por uma mera questão de formalidade legal, porém se deixa levar pelo misticismo, e este lhe custou uma derrota em seu primeiro ataque, mesmo assim insiste em dar ouvidos ao misticismo, um governante que apenas leva em conta a ideologia e a mística, ignorando a realidade tende a criar um mundo ideal e distante do que efetivamente acontece à sua volta e o isolamento político jamais foi um bom conselheiro.

Daenerys Targaryen é uma garota aparentemente frágil, e sua família foi apeada do poder através de um golpe militar, por direito é a legítima herdeira , mas não possuí por enquanto um exercito, não tem nenhum plano traçado, tampouco aliados em sua terra natal, e o povo nem sabe que ela ainda está viva, simplesmente quer o poder sem saber como, é o típico governante sonhático, sem aliados, apoio popular e uma estratégia, por mais linda, que seja, ela não conseguirá o Trono de ferro, se ao longo do tempo reunir esses três fatores é minha favorita, pois de todos é a única que terá que construir tudo do zero, apoio popular se consegue com empatia e ela sabe mais do que ninguém o que é passar necessidades sem ter quem as proveja, essa identidade popular que construiu com os Dotraks, povo com quem convive, certamente a fará ser sensível às necessidades do povo de Westeros que se vê em meio a uma guerra civil pelo poder, sem preocupação dos aspirantes por suas necessidades, aliados infelizmente se consegue fazendo algumas concessões, o famoso toma-lá-dá-cá.tão famoso no Brasil, desde que não seja algo imoral ou ilegal, não há problemas e faz parte do jogo, finalmente há a estratégia, que envolve uma certa dose de talento em ter uma visão clara do jogo e suas regras, nesse caso, não há espaços para sonháticos, é preciso abraçar ideais, mas criar bases seguras e desapaixonadas para que atingi-los, e custe o que custar, não abandoná-los, isso pode evidentemente levar a teimosia e obstinação com planos tolos, mas a linha que separa a teimosia da convicção é muito tênue, certamente quem souber o ponto certo sentará no trono de ferro.