UM PRESENTE INESQUECÍVEL

"Essa história ocorreu nos anos 90;os nomes dos personagens serão fictícios para os fatos reais." Na integra. (Quando a esperança acaba, de onde menos se espera vem o conforto e uma revelação, para muitos coincidências..deixarei para o leitor tirar suas conclusões.

Em uma repartição pública trabalhávamos em vinte e cinco pessoas na mesma sala.

Era uma turma do barulho, parecia sala do quarto ano primário, quando o chefe saía bolinhas de papel pra todo lado e todos falavam ao mesmo tempo, parecia um mercado de peixe...O chefe não ligava, sabia da bagunça, mas o serviço saía e para ele isso era importante, e na presença dele todos respeitavam,

Nesta sala entre os vinte e cinco, apenas cinco mulheres das quais duas tinham o mesmo desejo: SER MÃE, e por isso eram amigas, pois o assunto as duas entendiam, ou procuravam entendimentos.

Eu já estava casada há seis anos e seis abortos espontâneos, a gravidez até o terceiro mês, o feto não desenvolvia e logo tinha a decepção, mais uma curetagem, um aborto via cirurgia.

Foi a pior passagem da minha vida, me revoltava ver na TV mulheres que jogavam seus filhos recém nascidos no lixo e outros querendo um.

Queria entrar na fila de adoção, mas meu marido na época era contra, dizia que tinha esperança de ter sua própria criança, e ainda tinha medo de criar um e no futuro alguém reclamar o direito...

Meu pai dizia:pra quê minha filha se Deus não quer...aceite, pois se adotar poderá cometer dois pecados: Quando o filho der problemas, pois todos na sua maneira dão, você vai dizer que se arrependeu,,,e se fosse filho teu, mesmo sendo uma cobra, mas sendo seu sangue você como mãe vai ter que engolir.

Foi uma época difícil demais, os detalhes mais profundos por conta disso, somente quem já passou sabe que é difícil até para falar, a depressão visível, e a pior parte sentir incompetente,sem contar por conta disso as tristezas, p.ex. minha irmã teve o seu filho primeiro, o meu cunhado não quis que eu pegasse a criança...a mãe dele chamou-o a atenção...sofria, pois nunca tive inveja de ninguém, era minha condição do momento, crucial, humilhante.

Uma coisa tão natural para uns e para outros uma dificuldade, os tratamentos intensos, doloridos, um deles a enfermeira me falou após lágrimas saírem dos meus olhos, mordi meu próprio braço de dor; se você aguentou...um parto normal é fichinha

Fui encaminhada a uma instituição , inicialmente com uma palestra para 100 mulheres nesta fase e seus respectivos maridos, a explicação de incio sobre procedimentos básicos que na fala dele os médicos tinham preguiça de buscar novos conhecimentos e por isso estavamos alí, sendo que 50% não era necessário.

Falou de tudo...dos exames que poderiam estar faltando e até onde aquela instituição poderia ir...

Desde inseminação artificial e outros...e mais importante ele disse:

Todos ali presentes deveriam assinar um termo de responsabilidade, pois o hospital não se responsabilizava por nenhuma consequencia, não que fossemos cobaias, mas eramos objeto de estudo para medicina.

Naquele momento, lembrando de todo meu sofrimento virei para meu marido e disse: estou indo atrás de uma vida, prefiro esperar pelo tempo se assim Deus quiser um filho virá, uma vida, e eu não estava disposta a perder a minha...se essa era minha sina...Deus sabia.

Fomos embora, não assinamos nada, e a decepção, pois não sabia que era assim, explicaram nos minimos detalhes pelo simples motivo: para aquelas que iniciassem não abandonassem no meio do caminho...Tinha mais de 2.000 pessoas aguardando por isso.

Por fim, estava eu grávida de novo, e não foi diferente, perdi...a minha tristeza e revolta quando entrava na sala de cirurgia a pergunta que doía no fundo da alma: Provocado ou, espontaneo...Isso era um horror, me sentia indo para o frigorifico.

Porém nesta última após a terrivel pergunta, soluçando minhas lágrimas desciam...

A enfermeira após minha resposta: aborto espontâneo, ela disse: aqui temos ótimos médicos para infertilidade secundária, e me falou do nome do médico.

Após, a cirurgia acordei desapontada...e na alta, minha liberação lembrei do nome do médico e ele me indicou para futuro tratamento. Outro tormento!, mas uma esperança...

seis meses de tratamento;foi terrével quase desisti no terceiro mês, e ainda por cima um exame que na época estava ainda em teste e dava problemas seríssimos nas mulheres, este exitei em fazer, procurei opiniões de outros médicos, e a resposta única: Veja se tem mesmo que fazer, não me lembro o nome do exame...mas fiz...

Terminei o tratamento e o médico disse: você tem 40 por cento de chance de engravidar, se não der certo o jeito é UNICAMP, havia um método de vacina...Meus Deus,,,,

Depois do tramento mais uma vez...engravidei e perdi, Surtei, não quero mais, não deu certo, no mês seguinte voltaria aos contraceptivos...

No espaço de tempo desta história ao mesmo tempo corria a outra:

Marinete, segundo marido, pois o primeiro não engravidou e o casamento não deu certo, mesmo no segundo casamento, após cinco anos...Nada.

Era de uma determinda religião, e eu...não tinha uma definida.

Um belo dia o grito no meio da seção:

-Deu positivo, estou grávida, a felicidade estampada no rosto dela e todo mundo festejando, há vai pagar a cerveja, vai não sei o quê...

E eu fiquei feliz por ela, porém notei que ela se afastou de mim...era aquela história medo de inveja ou, qualquer coisa assim, e eu, não era a primeira vez que sentia isso na pele, mas ...mesmo chateada, estava acostumada.

Passaram-se dois meses e eu tive um sonho:

Nele estava na minha cama e vi uma em forma de uma luz, era tão intensa que não dava para ver o semblante, nem mesmo seu corpo, não da para explicar, era como se tivesse formato e seu corpo era revestido de luz...nunca vi nada parecido,me lembro como se fosse hoje, pela voz era um homem sentou na beirada da minha cama e disse:

-Filha é preciso que você dê o meu recado para Marinete; diga que ela receberá o presente que ela mais quer, terá nos braços, na passagem do aniversário dela, diga que você não é da religião que ela pertence, mas seu coração pertence a Deus, e depois você receberá também.Não tive dúvidas, embora em metáforas...meus sonhos são assim...e entendi..

Acordei cismada, como ia falar pra ela isso, se ela se afastou de mim, no mínimo poderia achar maluquice da minha cabeça e pior inveja,,,,ou não saberia interpretar a metáfora.

Não, eu não ia falar, foi apenas um sonho, afinal era o assunto que estava no auge, devia ser isso, embora eu soubesse na época que meus sonhos eram significativos, mas esse tive dúvidas, estava decidida a não falar, me calei.

No dia seguinte fui trabalhar e ela sentou na minha frente para um telefonema, e perguntei:

Quando era seu aniversário, e ela disse dezembro, e o bebê para guando é...

- ela disse para abril, me deu um gelo na barriga e de repente uma voz no meu ouvido: diga a ela....diga, não tenha medo.

Foi tão intenso que decidi...seja lá o que Deus quiser.

Á tarde ela foi ao banheiro e fui atrás e falei:

-Marinete, tive um sonho e nele falava assim:....disse do jeito que foi, nada mais , nada menos, e sem minha opinião...

Ela simplesmente disse:

Há, tá bom, deve ser sonho,,,deixa pra lá.Não se falou mais nisso.

Passaram-se quinze dias, ela perdeu o bebê, quem entrou em desespero foi eu...Mas ela esqueceu...

Seis meses depois, ainda chateada, estávamos almoçando e ela se lembrou do meu sonho, e ficou animada...puxa! não era pra ser, mas agora estou com esperança.

E nisso estava eu lá naquele tratamento,pois o inicio dele foi dois anos antes desse episódio.

Um ano se passou...

Um dia Marinete chega bem pertinho do meu rosto e diz:

Vou falar só pra você, és a primeira, nem mesmo meu marido sabe ainda;Estou grávida e pelas contas nascerá em dezembro...

Meu rosto rubro na hora, de alivio, felicidade...e foi ela que lembrou...e depois será você...

A gravidez correu normalmente, e em dezembro nasceu no dia 29, e no dia 31 (seu aniversário) ao sair do hospital com o bebê nos braços, um lindo menino....lembrou do meu sonho...A história dela para aqui...

No mês seguinte (Janeiro) lá estava eu... grávida, embora sem esperança,,,o medo era visível que perdesse a qualquer momento...

Meu presente nasceu oito meses depois...

J

isis inanna
Enviado por isis inanna em 15/11/2014
Reeditado em 15/11/2014
Código do texto: T5036686
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