DIPLOPIA SOCIAL

A visão crítica é exclusiva a cada indivíduo, mesmo sendo a mesma imagem a se apreciar, ocorre um fato interessante a partir do que se condiciona a acreditar e objetiva-se ser a real, produzimos para nós de forma inconsciente a representação mais próxima daquilo que o nosso consciente necessita, seria essa então a “verdade do mentiroso”, temos o poder de subverter valores que apregoamos de forma consciente, mas que no calor da afirmação que busca defender o indefensável se distorce pelo inconsciente que a nós manipula. Não sou eu ou você vitima dessa insensatez, somos todos nós seres humanos, que munidos de intelecto maior ou menor, quimicamente e por fatores psicossomáticos, nos dobramos e somos presos a essa armadilha. Seja qual for o assunto, mesmo distintos e de interesses tão distantes, tornam-se matéria para embates tão fervorosos que desencadeiam atitudes tão desmedidas e inaceitáveis pelo critério da razoabilidade, que não seriam admissíveis a nenhuma das partes a qual se julgue detentora dessa razão. A grande verdade que se pode obter, é que também, a verdade mesmo embasada no concreto, se torna inatingível e ininteligível para a mente que nega vê-la, independe de capacidade, discernimento e obviedade clara, simplesmente o cérebro rejeita a informação, não a aceita por ser contraria a idéia que nos condicionamos a defender como nossa verdade. Aceitar a reflexão e ponderação das razões contrárias é exercício doloroso, requer despojamento de vaidade intelectual e de auto-afirmação, depende de uma evolução desinteressada e tão difícil de alcançar, somos animais que na territorialização, principalmente da nossa opinião, a fechamos em invólucro de forma hermética, creio que até por interesse inconscientes aos quais conscientes seriam refutados. Verdades absolutas se tornam teses para toda ordem de defesa de razões pessoais, mas, como tudo que é pessoal, são também exclusivistas na avaliação propriamente individual, se tornando assim, todas, sem exceções, na análise contrária, sem sustentação.