VIAGEM PRA PIAUÍ
                                                                                                              
Vou ver se consigo segurar tanta animação, que tal agitação não deixa fazer nada em seqüência certa.
Primeira coisa que altera é a ação. Provavelmente vou escrever muita coisa errada aqui. Mas não posso deixar de registrar a transformação que sentimos quando se viaja. Não há Papai Noel que se compare. Nem taça de campeonato prestes a ser entregue em mãos. Parece promessa de coisa boa, muito boa. Parece também difícil de acreditar como verdade.
Há um sentimento de alegria misturada com ansiedade sem medidas. É algo raro de acontecer. Mas, conseguindo deter um pouco o pensamento célere empurrado pela torrente de emoções entabalhoadas, quer dizer, vindo empurrando uma sobre outras, seguro todas as poucas calmas restantes para dizer o quê: É a Alegria!   Apenas isto: A L E G R I A...
 Nestes tempos atuais sentir alegria é tão imprevisto, quase irreconhecível dentro do Brasil, e do resto do mundo tão tumultuados e adversos.
Se eu pudesse dava uma porção desta alegria minha, para José Saramago não sentir preciso daquele “futuro” 1993, e em 2103 precisar criar um arco Iris, um homem e uma mulher revividos pela magia do inconformismo do seu coração. E vir arrastando o peso das linhas coloridas de renovação, desde o solo no horizonte, até vir chegar abençoando sua alma e toda a terra como uma apenas esperança vindoura.
A alegria é o oposto da dor. Alegria é o CÉU, é o oposto da dor!

Vou ao Piauí, vou pra Serra da Capivara: já sinto o dourado alaranjado das serras, antevejo em alucinadas visões os cristais de rocha desprendidos dos paredões rochosos esparsos pelo chão. Vou ver a caatinga. E conhecer o querido solo de pedras brancas e transparentes, encobertas pelo pó dourado do chão árido, também são pedras rosadas, são alaranjadas, amareladas, são ocres que Van Gogh amaria por em suas telas, é o nosso solo brasileiro! Tão amado...
Por que amo tanto o meu país e seus filhos? Por quê? Porque eu sou brasileira... Mineira... Carioca falando p-a-s-t-e-l e não
p-a-s-x-t-e-l como os lábios macios dos meus filhos cariocas... Vou voltar de lá falando no sotaque piauiense.