PIAUI
PARTE I
 
   Os jovens estão ficando envelhecidos... Ou eu estou ficando mais alegre? Vou contar uma história ocorrida um pouco antes de eu conhecer o Recanto das Letras, dividida em duas partes.
  Depois de muitos anos no Catetinho, junto com a Natureza, paisagismo, plantas especiais e meus cães e gatos, em paz e sabedoria, me dei conta que o meu lugar de eleição, o meu Catetinho e terras à volta, preservados já há muitos anos, estava invadido, nada menos que pela minha irmã e sua maquiavélica ação. Custei a crer no mal tal a insuspeitável origem, a própria irmã, a que sobrou da família, e todos os outros morreram no percurso. Nem vou entrar em detalhes que esta parte combina mais com uma boa dica para uma novela da TV Globo.
  Mas chegou a um ponto em que, na minha paz e credulidade, que ali eu não poderia viver bem mais. Custei a ver que o mal era meu vizinho e não valia lutar contra. O tempo já fora perdido e sem retorno. E nasceu a necessidade de me desprender de tudo que era meu e que eu amava. Não foi uma consciência de estalo, foi um amadurecimento.
          Aparece Niéde Guidon, conhecida de todo mundo, mas só fiquei sabendo dela  através de uma entrevista na TV. Pedindo ajuda ao governo para fazer lá um aeroporto.
  Pois é, quase inacreditável, mas acertei que vou pro Piauí. Nem me lembro de ter estado melhor.
 Tomei conhecimento da Niéde Guidon, e vou lá para ajudá-la. Assim, na maior... Estou animadíssima com isso.
 Ela é uma arqueóloga importantíssima, conhecidíssima de todo mundo que está atualizado e ligado em tudo. É paulista, filha de francês com índio do Brasil, ou vice-versa, ainda tem pouca informação dela e não importa, pois o que tenho dela é maior que qualquer informação, é a coragem desta mulher de setenta e dois anos, grande, alta e forte, vestida fora de moda, não ta nem aí, mas seus passos são em direção a.       E quando fala é serena e forte. Sua fala desconcerta qualquer um, pois o que diz é de uma coragem, inteligente e verdadeira, que o interlocutor logo a respeita e reverencia pela beleza da sua coragem, força e pelo trabalho que faz, e eu, em santa ignorância, nunca tinha ouvido qualquer menção a ela! Pode? Um dia, me detive na TV Senado quando ela estava sendo entrevistada. Não gravei seu nome, mas fiquei impressionada com a grandiosidade do que ela expunha, do seu trabalho, e seu apelo de ajuda!
Pois ela trabalha em um lugar no Piauí há mais de trinta e tantos anos. Um lugar com muitos sítios arqueológicos com pinturas rupestres do homem americano de aproximadamente 50.000 mil anos atrás.  Explicando melhor, os desenhos ou pinturas são de populações que viveram nessa região do Brasil há mil anos, e eles tem sua origem estudada por ela, nascendo uma nova história da origem do homem, pois estes são os descendentes dos primeiros. Há muitos sítios por lá, mas ela se dedica a sete deles, e fez um museu que vou conhecer que parece ser enorme e o mais rico de outros já existentes. Ela é profunda conhecedora, fez doutorado e depois foi pra Sorbonne onde estudou e pesquisou muito e se instalou no Piauí e recebe pela França para o seu trabalho. Ela recebe pesquisadores arqueólogos, paleontólogos de todos os lugares da Europa e do Brasil, a quem ensina AULAS que MOSTRAM ao vivo, ao natural ainda existente os paredões pintados. Pinturas que mostram um homem mais inteligente e criativo, ou seja, coisa concreta, todos praticam escavações específicas descobrindo mais detalhes de muita riqueza.
Muitos turistas vão lá, segundo ela. De modo que ali, além da importância da descoberta tem potencial turístico.
Depois, pela internet acabei localizando um jornal virtual a “Folha do Meio”, ambiente, claro, de Silvestre Gorgulho, que adorei e tinha uma matéria sobre os sítios arqueológicos do Piauí. Fiz contato com ele e assinei a Folha do Meio. Silvestre, extremamente gentil se comunicou comigo através e-mails, e perguntei por e-mail se a arqueóloga da matéria era essa mulher da TV Senado. Dia seguinte, ele: É SIM! É ela, a Niéde Guidon. E me mandou muitos números passados e mais um de 2005 em que a entrevistou e tem fotos maravilhosas. Fiquei louca, pois a coragem dela é duma beleza e solitária, sem ajuda de ninguém, nem governo estadual e nem federal, um absurdo.
Como o Brasil não valoriza os seus valores, suas riquezas e a cultura. Fico louca com isso estamos num retrocesso de soberania e de cultura impressionante. Eu que contava lutar pela grandeza do meu país...
Fiquei em contato com o Silvestre que eu queria ajudar a Niéde Guidon, pensei que através dele é que eu conseguiria...
Mas acabei, nem sei como mais, de conseguir passar um e-mail pra Niéde oferecendo a minha ajuda. Não posso saber ainda o que ela sentiu, mas disse que sempre desejou alguém para cuidar das “coisas” dela e nunca conseguiu.
A Verdade acredita na Verdade quando se defrontam, alma com alma, energias iguais.
Foi simples assim. Eu disse “eu quero ajudar Niéde Guidon”. Ela respondeu “venha, e aqui você não terá despesas”. Assim, simples assim.
Não consigo nem falar que isto está se tornando realidade. Uma animação, grande motivação: de arqueologia não entendo nada, mas de vida, inteligência, compreensão e participação de um Brasil melhor, é comigo, i-n-a-c-r-e-d-i-t-á-v-el-m-e-n-t-e. A minha função lá será o CULTIVO DOS CACTOS NATIVOS, e vou fazer experiências com eles para produzi-los como planta ornamental. Com dois objetivos: um para vender para os turistas, e outro passar o conhecimento do plantio, produção e venda destas plantas como meio de produção e sustentação local. E depois eu vou supervisionar todo o trabalho dos plantadores até que entendam que é melhor o produto nativo que resiste e até floresce no período da seca, enquanto o feijão, milho e outros produtos plantados a cada ano, morrem e se perdem repetidamente a cada ano, por não resistirem. E haverá um supermercado para adquirir o feijão, o fubá, o arroz e a mandioca.     Estou tão alegre, tão entusiasmada... Estou agradecida...

(Fim da Primeira Parte).


OBS: esta narrativa ocorreu antes de eu conhecer e entrar para o RECANTO DAS LETRAS.