VOLTA A CASA ANTIGA

Ontem, no silencio do meu quarto, ouvi o canto solitário da noite... minha alma envolta em se proprio silencio, me fez acordar, e ouvi a voz da razão... e, ansiosa espero o chegar da manhã.A passos lentos sai... tomei coragem... rasguei o véu!

Pela estrada, enquanto vagarosamente, rodava pelo asfalto, ia revendo as antigas paisagens, e ao me deparar com antigo sempre novo " BAR DE ONALDO", percebi que estava há menos de quinhentos metros... e, entrei na casa, sem qualquer receio.As paredes pelo tempo, parece que não me conheceram mais e, pela fresta da porta de um desboto azul, o vento acarecia as paredes sujas, e vejo passear pela grande sala o cheiro das brisas do mar e, que sem fazer qualquer barulho, pousa naquele teu antigo retrato, exposto sempre naquele mesmo lugar E, de repente... o feitiço se quebra! E, naquele instante, experimentei, a paz dos martires.

Envolta, então em uma paz abençoada, desci o velho batente do jardim... no rosto, filtro o vento freio do mes de julho...e, estendo meus braços para o nada e, recolhi naquele vazio abraço o nada que restou, do amor que, dizias ser, imensurável... em mim, não restava nem mais um pedaço...e naquele instante, para mim, quase santo, senti novamente, a paz dos martires...

Contendo as lágrimas, beijei todas as lembranças, nos braços, acalentei alguns poucos fragmentos de saudade, no peito, todos os momentos acomodei, e todos os instantes, ausencias, presenças, sonhos, alegrias, tristezas e recordações cataloguei no tempo que ficará perdido, no proprio tempo, que há de vir. e, assim recostada sob os escombros que, a mim não entristecem mais... na antiga rede armada no mesmo velho alpendre, com vista para mar, adormeci sob as penas de uma saudade leve que a brisa do mar para bem longe, de mim levou... e hoje, depois de algumas décadas, tenho no coração e na alma, a paz dos martires...

(Esta cronica escrevi no mes de julho de 2011, aos meus quase 70 anos, depois de um tour pelas Praias do Litoral Norte, em especial Camboinha, a minha preferida)

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 30/10/2014
Reeditado em 08/03/2015
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