Hoje eu vou

Hoje vou acelerar até a velocidade máxima da minha motocicleta e sentir o vento no rosto brincando de moldar minha cara em caretas esquisitas. Não vou obedecer às placas de sinais quando elas tentarem me parar pelo caminho, mas, prometo ser prudente dentro da minha incoerência ilógica. E sai daqui, não preciso de julgamento, hoje não. Hoje eu só preciso sentir que a gravidade está a meu favor, sentir o movimento rotacional da terra e ir de vento em poupa, visitar lugares fictícios e paisagens surreais. Hoje vou me embebedar com suco de tamarindo e relaxar com cerveja depois de fechar os olhos e fazer uma tatuagem tribal num momento de loucura. Hoje eu vou ser louco, mais do que de costume e ainda vou resgatar o costume infantil de me equilibrar no meio fio. Hoje vou esquecer que amanhã é dia de alguma coisa importante e ser importante hoje mesmo, no tempo das minhas viagens clandestinas e sem itinerário. Hoje vou correr atrás de mim antes que eu me perca pras convencionalidades da vida. Hoje eu vou me permitir ser moleque e garantir que não serei muito careca no futuro, vou quebrar os ponteiros do relógio, fugir de discursos filosóficos, políticos e chatonianos e vou discursar sem seguir uma linha de raciocínio que precise de referências bibliográficas, justificadas na medida, com espaçamento e outras frescuras a mais. Vou dar minha opinião verdadeira e vou comer pão com salame num barzinho de estrada. Hoje vou anoitecer junto com a noite, contar estrelas e tentar a todo custo chamar atenção de uma nave alienígena. Hoje eu vou cantar um hino, vou perder o rumo, vou dançar no asfalto, vou seguir sem regras, vou dormir no morro, vou ser brisa, livre, leve e solto.

Héryton Machado Barbosa
Enviado por Héryton Machado Barbosa em 11/10/2014
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